Ministro Teich, da Saúde, é nova 'bola da vez' se insistir em ser técnico
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O ministro da Saúde, Nelson Teich, mal assumiu o cargo e já entrou na linha de tiro do presidente Jair Bolsonaro.
O mandatário do Planalto deu a entender hoje pela manhã, em conversa com a imprensa no Palácio da Alvorada, que o ministro pode ser demitido se continuar insistindo em teses científicas adotadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela comunidade médica internacional, em detrimento das teorias bolsonaristas:
"Todos os ministros têm que estar afinados comigo", disse Bolsonaro ao saber que Teich declarara não haver confirmação da eficácia da cloroquina no tratamento do coronavírus.
O presidente voltou a defender na ampliação do uso do remédio e disse que vai chamar o ministro para uma conversa.
É o mesmo tratamento dispensado ao antecessor de Teich, Luiz Henrique Mandetta, quando este insistiu que o isolamento social é o método mais adequado para combater a proliferação da Covid-19.
A política de submissão dos ministros, mesmo contra a lógica, resultou também na demissão do ministro da Justiça, Sergio Moro, e dos ex-chefes da Secretaria de Governo Santos Cruz e da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebianno.
Teich também é contrário à ampla flexibilização do contato social em meio à pandemia, como quer seu chefe.
Foi surpreendido na segunda-feira por um decreto de Bolsonaro ampliando as atividades consideradas essenciais que, segundo o governo federal, poderão transitar livremente em meio à rise do coronavírus.
O ministro soube do decreto durante uma entrevista coletiva de imprensa. Chegou a demonstrar desagrado, mas acabou declarado que aquela era uma atribuição da Presidência da República.
Em bom português: enfiou a viola no saco.
Diferentemente de Mandetta, Nelson Teich é um médico bolsonarista. Ajudou na campanha eleitoral. Por isso foi escolhido para substituir o ministro anterior.
Mas Teich também é um médico com certo nome em sua área. Tido como um técnico respeitável, orientado pelo parâmetros da ciência e da lógica.
A submissão aos ditames de Bolsonaro pode ferir de morte sua reputação profissional.
É nessas horas que a gente se pergunta: o que faz um homem aceitar a humilhação pública?
O fato é que agora ele se tornou a "bola da vez" no espetáculo de grosserias oferecido quase todos os dias pelo presidente da República. Ou se entrega, ou sai.
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