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Tales Faria

Ataque ao TSE: a suspeita é sobre aliados de Trump e Bolsonaro

Bolsonaro discursa para manifestantes que protestavam a favor da intervenção militar e pelo fechamento do Congresso Nacional em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.                              -                                 GABRIELA BILó/ESTADãO CONTEúDO
Bolsonaro discursa para manifestantes que protestavam a favor da intervenção militar e pelo fechamento do Congresso Nacional em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. Imagem: GABRIELA BILó/ESTADãO CONTEúDO

Chefe da Sucursal de Brasília do UOL

17/11/2020 09h02

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O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso, é um homem educado: não sairá por aí dando nomes aos bois sem ter provas. Mas Barroso deu uma ideia clara de suas desconfianças:

"Há suspeita de articulação de grupos extremistas, que se empenham em desacreditar as instituições, clamam pela volta da ditadura. E muitos deles são investigados pelo Supremo Tribunal Federal", disse nesta segunda-feira (16)..

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Que grupos proclamavam pelas ruas do Brasil há alguns meses pela volta da ditadura? Em abril, levaram até o presidente Jair Bolsonaro a participar de uma manifestação em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.

Quais grupos defendiam que, para fechar o STF, bastava mandar um soldado e um cabo? A tese foi explicitada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em uma palestra em 2018 cujo vídeo circula pela internet. "Se você quiser fechar o STF não precisa nem mandar um jeep, é só mandar soldado e um cabo", disse às vésperas da eleição do pai.

As manifestações dos bolsonaristas de raiz contra a Justiça e pedindo o fechamento do Congresso se acirram no primeiro ano do governo Bolsonaro.

Pararam quando? Depois que o então presidente do STF, Dias Toffoli, mandou abrir investigações e que foram presos líderes de ataques mais violentos ocorridos em maio contra a sede do Supremo, na Praça dos Três Poderes, e em frente à casa do ministro Alexandre de Moraes, em São Paulo.

Barroso fez questão de explicitar que os ataques recentes de hackers contra o sistema de informática do Tribunal Superior Eleitoral partiram também dos Estados Unidos. Lá, onde o presidente Donald Trump acaba de ser derrotado nas urnas em sua tentativa de reeleição.

Trump afirma que houve fraude nas eleições de seu país e, por conta disso, protesta na Justiça e cria empecilhos para a transição do poder ao presidente eleito, Joe Biden.

Ídolo dos bolsonaristas brasileiros, Donald Trump deu o mote para reclamarem aqui, também, do sistema de apuração de votos. O presidente Jair Bolsonaro é a favor da adoção do voto impresso. Diz que a urna eletrônica é sujeita à alteração de votos. Chegou a denunciar fraudes até mesmo na eleição que venceu, em 2018.

Com a derrota de Trump nos EUA e o mau resultado das eleições municipais no Brasil para os extremistas de direita, os bolsonaristas já se preparam para protestar em 2022 contra o sistema eletrônico de apuração de votos.