Mourão e Bolsonaro estão como Temer e Dilma
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
O presidente Jair Bolsonaro tem mostrado maior resiliência do que a ex-presidente Dilma Rousseff. Ele já voltou atrás várias vezes, disse que não disse o que disse e fez as pazes com quem anunciou rompimento — do centrão ao governo chinês.
Então é possível que amanhã, ou hoje mesmo, desfile abraçado com seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão. Mas a verdade é que a relação entre os dois não anda nada boa.
Estão na mesma situação que Dilma viveu com seu vice, Michel Temer, durante quase todo o governo. Até que o emedebista tornou pública uma carta que enviou à presidente rompendo o (falso) relacionamento que mantinham.
A quem pergunta se ele tramou pelo impeachment, Temer responde que sempre foi fiel, apesar de tratado com rispidez pela chefe da nação. Só teria aderido ao impeachment quando o assunto já era abertamente discutido no Congresso e os dois estavam rompidos.
Essa é uma versão que a História ainda esclarecerá. O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha escreve em suas memórias que não é bem assim. Diz que Temer teria urdido contra a chefe e levado o MDB para apoiar o impeachment, junto com o centrão e o hoje presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM).
Quanto ao general-vice-presidente Hamilton Mourão, não se sabe até agora de qualquer movimento pela derrubada do presidente.
Mas Bolsonaro e seus auxiliares no Planalto já estão de orelha em pé.
Mourão revelou à CNN, nesta terça-feira, que está sentindo falta de diálogo com Bolsonaro. "Faz falta, sim. Faz falta até para eu entender em determinados momentos o que eu preciso fazer", disse.
Um tom parecido com o muxoxo da tal carta de Temer. "Jamais eu ou o PMDB fomos chamados para discutir formulações econômicas ou políticas do país; éramos meros acessórios, secundários, subsidiários", dizia Temer.
Dizem os velhos conselheiros políticos do Planalto que não se deixa um vice desocupado, sem saber o que fazer. Porque, aí, ele encontra o que fazer e isso, em geral, não acaba sendo boa coisa para o chefe.
É o que pensam também os articuladores políticos do presidente. Acham que está na hora de Bolsonaro tomar muito cuidado com seu vice. Têm aconselhado o chefe a dar um passo atrás, refazer a relação que já tiveram, razoavelmente cordial. Mourão, além de vice, é general, com alguma penetração na caserna.
Quem conhece o descompromisso de Bolsonaro com suas próprias ideias, sabe que ele pode muito bem voltar atrás nos maus tratos ao vice.
Antes que Mourão coloque um ponto final, como Temer disse a Dilma na tal carta: "Sei que a senhora não tem confiança em mim e no PMDB, hoje, e não terá amanhã. Lamento, mas esta é a minha convicção."
Depois disso, a presidente da República caiu. E Temer assumiu o cargo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.