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Tales Faria

REPORTAGEM

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Reunião antecipa luta entre Doria, Bruno Araújo e Aécio por comando do PSDB

João Doria e Simone Tebet entre os presidentes de seus partidos, Bruno Araújo e Baleia Rossi. Foto: Divulgação - João Doria e Simone Tebet entre os presidentes de seus partidos, Bruno Araújo e Baleia Rossi. Foto: Divulgação
João Doria e Simone Tebet entre os presidentes de seus partidos, Bruno Araújo e Baleia Rossi. Foto: Divulgação Imagem: João Doria e Simone Tebet entre os presidentes de seus partidos, Bruno Araújo e Baleia Rossi. Foto: Divulgação

Colunista do UOL

17/05/2022 03h00

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Não são só as candidaturas a cargos no Executivo e no Legislativo que alimentam a disputa entre caciques do PSDB em torno das eleições de outubro.

Oficialmente, a reunião ampliada da Executiva Nacional do partido, marcada para esta terça-feira, 17, decidirá se serão estancadas —ou prosseguem como tinham sido combinadas— as negociações para escolha de um candidato único a presidente da República com os demais partidos do autoproclamado centro democrático (MDB e Cidadania).

Na prática, a reunião servirá como uma antecipação da disputa do ex-governador de São Paulo João Doria, pelo comando do PSDB, contra o atual presidente do partido, Bruno Araújo (PE), de um lado, e, de outro, o deputado e ex-presidente da sigla Aécio Neves (MG).

A reunião foi convocada por Bruno Araújo depois que Doria enviou uma carta aberta ao comando da sigla denunciando articulações do presidente do partido para pôr fim à sua candidatura, que foi aprovada nas prévias internas realizadas em novembro.

Araújo chegou ao posto numa articulação de Doria para afastar Aécio definitivamente do comando da legenda, quando este foi atingido pela acusação de receber dinheiro da JBS. Mas agora Doria quer tirar Bruno do comando da sigla.

Quanto a Aécio, depois que foi absolvido pela Justiça do caso JBS, ele decidiu lutar pelo protagonismo na legenda e dar o troco ao ex-governador de São Paulo.

Primeiro Aécio se juntou a Bruno para tentar convencer Doria a desistir da candidatura presidencial. Depois, rompeu com o presidente da legenda, acusando-o de subordinar os interesses nacionais do PSDB à reeleição do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia.

Bruno Araújo, de fato, não quer entregar o comando da legenda nem a Aécio, nem a Doria. Juntou-se ao ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e ao próprio Rodrigo Garcia para passar a presidência do partido a lideranças emergentes do tucanato após as eleições.

Se a Executiva decidir, nesta terça-feira, dar continuidade às negociações com MDB e Cidadania, isso significará uma condenação à carta de Doria. O ex-governador sairá enfraquecido na luta pelo comando do partido.

Terá que aceitar a hipótese de abrir mão da candidatura em favor da pré-candidata do MDB, Simone Tebet, caso as pesquisas de intenção de voto encomendadas pela legenda apontem maior viabilidade da emedebista. Ou fica como vice da chapa, ou abre espaço para outro no partido.

Doria não concorda com esse conceito de "maior viabilidade", que inclui uma análise do grau de rejeição de cada candidato. O ex-governador acha que ele deve ser o candidato do grupo, já que está na frente de Simone nas pesquisas. Na reunião de hoje, deve bater nessa tecla e insistir que somente a Convenção poderá decidir por alianças, independentemente de qualquer resultado de pesquisas.

De fato, a Convenção é que acabará decidindo formalmente. Mas, historicamente, as convenções acabam homologando o resultado da disputa política entre as forças dos partidos. E essa disputa entrou em sua fase decisiva nesta terça-feira.