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Tales Faria

REPORTAGEM

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Polarização entre Lula e Bolsonaro ameaça candidatos indecisos nos estados

Eleitorado está dividido entre Lula e Bolsonaro - Reprodução / Instituto Lula / PR
Eleitorado está dividido entre Lula e Bolsonaro Imagem: Reprodução / Instituto Lula / PR

Colunista do UOL

26/05/2022 13h30

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Aliados dos candidatos a governador que não se decidiram entre Lula e o presidente Bolsonaro temem que suas candidaturas sejam derrubadas pela polarização nacional do PT com o governo federal.

Em São Paulo, os aliados do governador Rodrigo Garcia (PSDB) têm acenado para o candidato petista ao Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva.

A ideia é convencer Lula de que uma aproximação com o governador pode levar o PSDB no país a apoiar o petista, mesmo que informalmente, para uma vitória no primeiro turno contra Bolsonaro.

Candidato à reeleição, Garcia está ameaçado pelo crescimento nas pesquisas do ex-ministro das Minas e Energia Tarcísio de Freitas (Republicanos). Logo que se lançou candidato com o apoio do presidente Bolsonaro, Tarcísio ultrapassou Garcia nas pesquisas.

Os aliados do governador avaliam que a polarização nacional está se refletindo nas pesquisas. Temem que a indecisão entre Lula e Bolsonaro possa derrubar a candidatura tucana no maior eleitorado do país.

No caso de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral, o deputado Domingos Savio (PL-MG) quer aproveitar que Bolsonaro e o governador Romeu Zema (Novo) estarão hoje num mesmo evento, em Belo Horizonte, para tentar promover a aproximação.

"O Lula já fechou com o prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD), e a tendência agora é que o eleitorado do estado siga a polarização que ocorre na disputa pelo Planalto. Então será útil tanto para o Zema quanto ao Bolsonaro que os dois fiquem juntos", argumenta Savio.

Zema havia declarado apoio ao candidato de seu partido ao Planalto, Felipe D'Ávila, e por isso tem dificuldade em fechar com Bolsonaro. Mas seus aliados acham que ambos podem começar a discutir um acordo a partir do encontro de hoje, na cerimônia de posse do novo presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).

A Bahia é o quarto maior colégio eleitoral do país. Lá, o ex-prefeito ACM Neto está em primeiro lugar nas pesquisas para governador.

Mas seus aliados no Congresso têm se revelado assombrados pelo passado de derrotas de outros candidatos ao governo que antes eram considerados favoritos, mas que foram superados por nomes que receberam o apoio do ex-presidente Lula.

Tudo começou em 2006, quando o hoje senador Jaques Wagner (PT) derrotou o governador Paulo Souto (PFL), que era dado como certamente vitorioso no primeiro turno.

Sucessor de Wagner, o petista Rui Costa foi eleito em 2014, no primeiro turno, também com o apoio de Lula, então já acossado por suspeitas da Lava Jato.

Agora novamente aparece um candidato ao governo pelo PT com o apoio do ex-presidente petista, o ex-secretário de Educação Jerônimo Rodrigues.

Segundo a última pesquisa Genial Quaest, ACM Neto vence no primeiro turno com 66% a 69% de intenções de votos. Mas Jerônimo, que tem de 4% a 6%, sobe para 37% quando seu nome é associado ao de Lula.

Bolsonaro lançou um candidato no estado, o ex-ministro da Cidadania João Roma. Com isso, ACM Neto viu-se obrigado a não apoiar nenhum nome.

Mas seus aliados já estão assustados: ou acerta o apoio à sua candidatura com o PT ou Bolsonaro, ou corre o risco de ser atropelado pela polarização nacional.