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OPINIÃO

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Datafolha: povão não coloca a mão no fogo por Bolsonaro

19.abr.2020 ? O presidente Jair Bolsonaro discursa em frente ao Quartel General do Exército para uma plateia de militantes que pede intervenção militar, AI-5 e fechamento do Congresso e do STF - Reprodução/Facebook/@jairmessiasbolsonaro
19.abr.2020 ? O presidente Jair Bolsonaro discursa em frente ao Quartel General do Exército para uma plateia de militantes que pede intervenção militar, AI-5 e fechamento do Congresso e do STF Imagem: Reprodução/Facebook/@jairmessiasbolsonaro

Colunista do UOL

24/06/2022 09h58

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O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira, 23, que ainda coloca a mão no fogo por seu ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. "Eu falei lá atrás que botava a cara no fogo por ele, né. Eu exagerei, mas eu boto a mão no fogo pelo Milton, tá?", afirmou.

Os eleitores, no entanto, já desistiram de colocar a mão no fogo pelo presidente da República. A cara, nem pensar! Segundo a pesquisa do Datafolha divulgada no mesmo dia pela Folha de S.Paulo, 53% das pessoas entrevistadas disseram nunca confiar nas falas do presidente.

A propósito, o ex-ministro é acusado de ter montado com pastores protestantes um gabinete paralelo para cobrar propina de prefeitos para liberação de verbas em sua pasta. Em áudio, ele foi flagrado dizendo que foi o próprio presidente quem lhe apresentou os pastores.

O Datafolha perguntou: "Você diria que sempre confia, às vezes confia ou nunca confia nas declarações do presidente Jair Bolsonaro?" Respostas:

  • Sempre confia: 17% (17% em maio; e 17% em março)
  • Às vezes confia: 29% (26% em maio; e 29% em março)
  • Nunca confia: 53% (56% em maio; e 53% em março)
  • Não sabe: 1% (1% em maio; e 1% em março)

E por que será que a confiança no presidente tem diminuído? Por um motivo muito simples, ele seguidamente desdiz ou nega peremptoriamente o que de fato disse, ou simplesmente não cumpre o que promete.

Caminhoneiros, por exemplo, estão até hoje cobrando a promessa do presidente de controlar o preço do diesel. Servidores públicos da área de segurança, cobram o aumento salarial prometido e nunca cumprido.

Também há outras promessas não cumpridas, como aquelas feitas a empresários e trabalhadores, ora de que irá privatizar alguma estatal, ora de que não haverá a tal privatização. Correios, Eletrobras e até a Petrobras protagonizaram essas idas e vindas ao longo do governo.

Houve ainda as negativas sobre desmatamento na Amazônia e de que ele tenha promovido manifestações contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal que de fato ocorreram.

Em algumas das manifestações o próprio Bolsonaro esteve presente, como o famoso e fracassado movimento que promoveu no 7 de setembro do ano passado.

Com tantas tentativas de desmentir suas próprias ações e declarações, não é de se estranhar que o presidente da República acabe perdendo a credibilidade e esteja ameaçado de perder as eleições ainda no primeiro turno.