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Tales Faria

REPORTAGEM

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Campanha de Bolsonaro ainda estuda trocar Braga Netto por Tereza Cristina

Colunista do UOL

30/06/2022 15h45Atualizada em 30/06/2022 16h04

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As acusações de assédio sexual que obrigaram o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, a pedir demissão podem provocar alteração na chapa à reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Embora o presidente Bolsonaro resista, alguns de seus auxiliares voltaram a tentar convencê-lo a trocar o vice já anunciado, general Braga Netto, por uma mulher.

São dois os nomes apontados pelos auxiliares: a deputado e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP-MS), e a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves (Republicanos).

A preferência é por Tereza Cristina, mas há resistências no seu partido e dela própria. A deputada é pré-candidata ao Senado no seu estado e tem sido apontada em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais.

O PP avalia que não vale a pena trocar uma vaga quase certa pela vice-presidência incerta. Mas se Bolsonaro pedir, a avaliação é que o partido aceita.

A opção por Damares Alves ainda precisa ser melhor testada nas pesquisas internas da campanha. Não há segurança de que ela acrescente novos leitores ao perfil do presidente.

Damares é pastora evangélica. O comando da campanha avalia que não há muito o que avançar no eleitorado evangélico além do que Bolsonaro já detém. Também há dúvidas se ela atrai o eleitorado feminino devido às teses ultraconservadoras que, na verdade, contribuem um pouco para a rejeição do presidente entre as mulheres.

Braga Netto, por sua vez, continua interessado em concorrer. Mas ele disse ao presidente que, "como soldado", está disposto ao sacrifício se o chefe considerar melhor que ceda o lugar.

A equipe de campanha já encomendou pesquisas qualitativas para avaliar o estrago que o escândalo em torno do ex-presidente da CEF pode provocar junto ao eleitorado.

Os primeiros sinais são de que o fogo atingiu exatamente um ponto fraco de Bolsonaro, que é sua imagem junto às mulheres.

Bolsonaro, no entanto, demonstra resistência em mexer na chapa. Teme que a retirada de Braga Netto crie arestas junto aos generais, hoje temerosos do desgaste que o governo tem provocado na imagem dos militares.

De qualquer forma, o prazo final para definição da chapa, segundo a justiça eleitoral, é ditado pelas convenções partidárias, que têm que ocorrer entre 20 de julho e 5 de agosto. Os defensores da mudança acham que a definição pode acorrer até meados de julho.