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Tales Faria

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bolsonaro admite perda de votos, liga o modo Trump e tenta adiar eleição

26.out.2022 - O presidente Jair Bolsonaro (PL) faz pronunciamento em Brasília - Letícia Casado/UOL
26.out.2022 - O presidente Jair Bolsonaro (PL) faz pronunciamento em Brasília Imagem: Letícia Casado/UOL

Colunista do UOL

26/10/2022 22h35

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No seu rápido pronunciamento na noite desta quarta-feira, 26, no Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro declarou:

"Em certos lugares eu achava que iria bem e poderia até ganhar (...), perdemos. Certamente as inserções fizeram a diferença."

Em outras palavras, admitiu que seus levantamentos contabilizaram menos votos do que sua equipe de campanha esperava.

Talvez isso explique a irritação do presidente, a suspensão de sua ida ao Rio de Janeiro, a convocação às pressas de reuniões ameaçadoras em Brasília com ministros, comandantes militares e assessores da campanha e o chamamento à imprensa para seu pronunciamento.

Bolsonaro reclama do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que não atendeu ao pedido de abertura de investigação sobre a afirmação de que rádios do Nordeste não estariam levando ao ar propaganda eleitoral do presidente.

A quatro dias da eleição, Bolsonaro anunciou que irá recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão de Moraes. Ao mesmo tempo, em seu entorno, aliados e assessores começam a defender o adiamento da votação.

Em outras palavras, a história se resume no seguinte: a campanha pela reeleição do presidente detectou que ele tem menos votos do que imaginava e o candidato tenta melar ou adiar a votação marcada para o próximo domingo.

Segue um roteiro semelhante ao adotado pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump quando este tentou tumultuar a eleição naquele país: denunciar que haveria um sistema de contagem de votos viciado e fraudes no varejo, chamar seus eleitores para permanecer nas ruas em estado de alerta, tanto antes, como durante e após a abertura das urnas.

É isso que ele chama de jogar "dentro das quatro linhas"? Mais parece ameaça de golpe.

Tudo indica, no entanto, que aqui, como nos EUA, não terá o resultado que o mandatário do governo espera.