Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Bolsonaro abandona na estrada os aliados caminhoneiros
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Dá para imaginar como se sentiu o caminhoneiro aliado de Bolsonaro quando assistiu ao primeiro pronunciamento publico do presidente após o segundo turno das eleições?
O sujeito sempre seguiu tudo que seu mito mandou. Ouviu várias vezes o presidente afirmar que as urnas eletrônicas não eram confiáveis e que não aceitaria um resultado, segundo ele, inconfiável.
Aí o presidente perde a eleição e some. Não diz uma palavra, dando a entender que vai partir para a guerra.
A fábrica do ódio toma as redes sociais com chamamentos às forças armadas para dar golpe e destituir o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Alexandre de Moraes, diversas vezes atacado por Bolsonaro.
O crédulo eleitor do mito, então, se enche de ódio pela derrota eleitoral, pega o caminhão, dirige por quilômetros a fio, dorme na estrada e impede o trânsito. Corre risco de ser preso e de pagar multa de R$ 100 mil que provavelmente não dispõe no banco.
E eis que o presidente — seu mito, seu herói — vem e diz que não tem nada com isso, que aquela forma de protesto nunca contou com seu apoio. "Dane-se!", foi como lhe bateu no coração o discurso do mito.
O máximo que o presidente concedeu ao seguidor humilhado foi dizer que entende os motivos do protesto, mas que nada tem com isso.
Enfim, os caminhoneiros foram abandonados na estrada pelo presidente da República.
Bolsonaro não quer ser responsabilizado por um movimento que sabe criminoso e que ele próprio incentivou. Afinal, "incitação ao crime" pode dar cadeia.
Como Bolsonaro já está cheio de investigações nas costas que podem resultar em prisão após deixar o cargo, ele resolveu deixar sobre os ombros de seus incautos seguidores a responsabilidade total pelos prejuízos que a paralisação das estradas causou ao país.
Fez dois minutos de discurso, deu as costas e foi embora.
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