A boa notícia do Datafolha para Bolsonaro e a bomba-relógio que o ameaça
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Duas informações gritam nos resultados da última pesquisa Datafolha - uma é boa para Jair Bolsonaro; outra, ruim. A ruim é o fato de um ex-ministro seu ter mais que o dobro da credibilidade atribuída a ele, o presidente da República (na briga sobre quem falou a verdade sobre os motivos da demissão de Sérgio Moro, o ex-juiz dá um sete a um em Bolsonaro, 56% x 20%).
Já a boa notícia para o presidente é que não há "gripezinha" nem demissão de ministros com aura de super-herói que diminuam a sua popularidade. O núcleo de apoiadores de Jair Bolsonaro segue fiel e inabalável.
Para craques das pesquisas, isso não é surpresa. "A base de Bolsonaro sempre foi extremamente sólida", diz Maurício Moura, economista e presidente da consultoria Ideia Big Data. "Um dos motivos que explica isso é o fato de ele não ter moderado o discurso que apresentava quando candidato, ao contrário do que fazem os presidentes eleitos". Tanto Lula quanto Dilma Rousseff, depois da posse, fizeram movimentos de "desradicalização", necessários para ampliar a base de apoio dos governos.
Bolsonaro, não. Em janeiro, quando assumiu a Presidência, o ex-capitão tinha perto de 45% de aprovação popular. No primeiro trimestre do ano, esse índice despencou para 35% — era o desembarque dos eleitores não convictos, aqueles que votaram no ex-deputado do baixo clero para renegar o petismo e, logo na largada, se sentiram insatisfeitos com sua agenda para a Educação e o Meio Ambiente, por exemplo.
Sobraram os 35% de apoiadores que Bolsonaro mantém até hoje. É seu núcleo duro, que inclui de defensores da ditadura até representantes da classe média tolerantes para com os arroubos totalitários do presidente desde que Paulo Guedes "dê um jeito" na economia.
É para esse grupo, e só para ele, que Jair Bolsonaro se dirige. O "seu" público o aplaude quando ele pede o fim do isolamento social e muda de assunto quando ouve que o ex-capitão demitiu Sérgio Moro porque o ministro o impedia de meter o bedelho nos inquéritos familiares em curso na Polícia Federal.
Para esse núcleo, diz Moura, Bolsonaro pode pintar e bordar.
Apenas uma coisa o grupo não tolerará: o naufrágio da economia.
E é por este motivo que o presidente deve temer o coronavírus.
A consequência da pandemia na área econômica é hoje a grande bomba-relógio a ameaçar a popularidade de Bolsonaro.
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