A armadilha do coronavoucher para Bolsonaro
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O instituto Ideia Big Data descobriu que, nas regiões Norte e Nordeste, oito entre cada dez brasileiros acreditam que o auxílio emergencial de 600 reais é para sempre. Estão equivocados, claro. O auxílio do governo federal aos trabalhadores que ficaram sem renda por causa da pandemia do coronavírus foi planejado para durar três meses. A primeira parcela foi paga em abril e a última está programada para ser quitada em junho, quando, segundo as estimativas iniciais, a Covid-19 deveria começar a ceder no Brasil.
Algo além da possível prorrogação da pandemia pode alterar os planos do governo.
Bolsonaro enfrenta uma crise de popularidade, como mostram as últimas pesquisas de opinião. Todas apontam que: 1) vem da classe média a maior debandada de apoiadores do presidente; 2) é graças à recente adesão de uma parcela dos brasileiros mais pobres que a disparada na percepção negativa do governo não é maior (as avaliações de "ruim" e "péssimo" cresceram 12,4 pontos percentuais desde janeiro, segundo a pesquisa CNT/MDA divulgada nesta semana).
Essa melhora da imagem do governo Bolsonaro entre as classes mais pobres se deve sobretudo à distribuição dos 600 reais - cuja chegada nas regiões mais pobres do Brasil equivale a uma revolução. O coronavoucher, como foi apelidado o benefício, se associado ao nome de Bolsonaro pode abrir alas para um avanço do presidente no Nordeste, reduto do lulo-petismo onde até hoje ele enfrenta resistência. No cenário nacional, o auxílio emergencial não irá resultar num salto de popularidade para o ex-capitão - apenas ajudará a estancar a sua sangria nas pesquisas. "O desafio de Bolsonaro hoje não é crescer, mas se manter na faixa dos 30% de aprovação", afirma Maurício Moura, presidente do Ideia Big Data e professor de estatística na George Washington University.
Ocorre que, como mostrou o instituto Ideia Big Data, não há entre a maioria dos beneficiários do auxílio emergencial a perspectiva de que o pagamento um dia será suspenso. Quando, e se, esse dia chegar, o presidente não apenas perderá o apoio que começa a conquistar agora como corre o riso de ver seu nome colocado na boca do sapo.
O coronavoucher será a encruzilhada de Bolsonaro.
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