O método Bolsonaro de tirar coelhos da toca
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Jair Bolsonaro não exige lealdade apenas incondicional de seus aliados, faz questão de que ela seja pública.
Incomodam o presidente ministros e aliados que, nos embates travados pelo governo, se acomodam na "zona de conforto" - ou seja, não tomam suas dores publicamente e evitam se desgastar junto à imprensa.
Já estiveram nessa categoria o ex-ministro Sérgio Moro, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e, mais recentemente, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.
Nos dois enfrentamentos com o Supremo Tribunal Federal em que o presidente chegou a falar de forma explícita em ruptura institucional (a suspensão da nomeação do delegado Alexandre Ramagem para a direção da Polícia Federal e a discussão sobre a possibilidade de apreensão do celular de Bolsonaro pela Justiça), os ministros de governo mais próximos do presidente foram instados a defendê-lo em público.
Azevedo e Silva respondeu à cobrança ao endossar a nota em que o general Augusto Heleno ameaçou o STF com "consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional", caso a Corte permitisse a apreensão do telefone presidencial. Foi criticado por colocar as Forças Armadas no meio de uma briga de governo e maculou a aura de representante "moderado do núcleo militar do Planalto" - mas ganhou pontos com o chefe e seu entorno mais radical.
Agora, é o general Ramos quem aparece pagando o pedágio. Ontem, em mensagem farta de pontos de exclamação, o militar criticou o ministro do STF Celso de Mello pela mensagem infeliz publicada num grupo de Whatsapp em que o decano, entre outras impropriedades, comparou o Brasil à Alemanha nazista.
"Comparar o nosso amado Brasil à 'Alemanha de Hitler' nazista é algo, no mínimo, inoportuno e infeliz. A Democracia Brasileira não merece isso. Por favor, respeite o Presidente Bolsonaro e tenha mais amor à nossa Pátria!", escreveu o general no Twitter.
Não por acaso, no dia anterior, o blogueiro bolsonarista investigado no inquérito da Fake News Allan dos Santos havia atacado o ministro Ramos nas redes sociais. Escreveu que, caso o general não se manifestasse a respeito de críticas que vinham sendo feitas ao governo, poderia ser considerado "um traidor comunista dentro do Planalto".
Moro, Azevedo e Silva e um punhado de deputados aliados do governo já sentiram o bafo quente das redes sociais e sabem de onde ele vem. O blogueiro Allan dos Santos, por exemplo, é unha e carne com a deputada Bia Kicis que, por sua vez, é das primeiras a receber o novo número do presidente quando ele troca de celular.
Bolsonaro tem convicção de que está sendo perseguido, que tramam contra ele e que há coelhos demais nas tocas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.