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Thaís Oyama

Denúncia de ex-mulher e mala de dinheiro: alguém ouviu essa história antes?

Dinheiro na mão é tentação - Canaltech
Dinheiro na mão é tentação Imagem: Canaltech

Colunista do UOL

26/07/2020 11h24

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Desde a semana passada, o deputado Arthur Lira (PP) virou alvo de investigação do Núcleo de Combate à Corrupção da Procuradoria da República em Alagoas.

Lira é um dos principais líderes do centrão e o mais novo e poderoso aliado do presidente Jair Bolsonaro no Congresso, onde atua como líder informal do governo.

Sua ex-mulher, Jullyene Cristine Lins Rocha, o acusa de ter acumulado uma fortuna com dinheiro de propina. Diz que o patrimônio do ex-marido supera 11 milhões de reais, valor que ele mantém oculto do Fisco. Em 2018, o deputado declarou à Justiça Eleitoral ter 1,7 milhão em bens. Jullyene denunciou o ex-marido ao Ministério Público Federal no ano passado depois de ele se negar a pagar-lhe 600 mil reais em pensão alimentícia (eles tiveram dois filhos juntos).

"O dinheiro chegava lá em casa em malotes. Ele escondia lá, escondia nas fazendas, escondia em todo canto", disse Jullyene à revista VEJA, em reportagem publicada em dezembro de 2019, ano em que, nas passeatas em favor do presidente, o Centrão ainda era chamado por apoiadores de Bolsonaro de "bando de ladrão" (com o sacrifício da concordância nominal aparentemente em prol da rima).

"Chegava malote com 30 mil, 500 mil e até 1 milhão de reais. Notas de 50 e de 100", contou Jullyene. Parte desse dinheiro, afirmou a mulher, o deputado usava para comprar apoio para as suas campanhas — Lira está em seu terceiro mandato na Câmara Federal.

"Eu contava, eu conferia, eu lacrava. Eu distribuía para vereadores quando era na campanha. Ele mandava: "Faça tantos envelopes de tanto, de tal valor".

Denúncia de ex-mulher, malas de dinheiro, compra de apoio eleitoral - alguém se lembra de ter ouvido essa história antes?

O Centrão agora é governo; o governo agora é o Centrão.

Os dois se juntaram por conveniência e necessidade de sobreviver, parabéns.

Mas não se faz uma omelete sem quebrar ovos. E olhem que lambuzeira já está o chão.