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Thaís Oyama

O "eleitor oculto" de Trump e o novo erro dos institutos de pesquisa

O candidato vitorioso ainda é desconhecido, mas já se sabe quem perdeu as eleições nos EUA - Brendan McDermid/Reuters;  Kevin Lamarque/Reuters
O candidato vitorioso ainda é desconhecido, mas já se sabe quem perdeu as eleições nos EUA Imagem: Brendan McDermid/Reuters; Kevin Lamarque/Reuters

Colunista do UOL

04/11/2020 10h18

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Aconteceu de novo.

Ainda que a principal previsão se confirme — e Joe Biden seja eleito presidente dos Estados Unidos—, os institutos de pesquisa já têm de se ajoelhar no milho. Seu método fracassou outra vez.

Com raríssimas exceções, os principais institutos de pesquisas mostravam o democrata Biden à frente do republicano Donald Trump por uma média nacional que variava entre oito e dez pontos.

Era a tal "onda azul", que até agora ninguém viu.

Já em alguns estados-chave, a madrugada se encarregou de dissipar as primeiras miragens.

O ABC-Washington Post havia afirmado que Biden levaria a Flórida por três pontos de vantagem. Deu o exato oposto, com Trump ganhando pela mesma margem prevista para o seu concorrente.

O instituto Quinnipiac apostou que o candidato democrata ganharia em Ohio por quatro pontos. O vitorioso foi o republicano, por oito pontos.

Os números disponíveis mostram ainda que Trump saiu-se melhor do que o previsto entre os eleitores que votaram pelo correio e também entre os eleitores negros e latinos (estes últimos não apenas desmentiram as pesquisas como foram fundamentais para a vitória do presidente na Flórida).

Aqui e ali, os institutos começam a balbuciar satisfações ao público enganado.

O principal argumento para justificar os erros que se avistam foi antecipado pelo Trafalgar Group, um dos únicos institutos que, em 2016, apostaram firme na vitória de Trump quando os demais diziam que a democrata Hillary Clinton venceria facinho.

Ao site Politico, o responsável pelo Trafalgar Group, Robert Cahaly, afirmou em entrevista publicada no último dia 29 acreditar na existência de muitos "eleitores ocultos" de Donald Trump.

Para o pesquisador, esses eleitores estariam "escondendo" sua preferência pelo republicano por receio de "censura social". Cahaly lembrou que, em 2016, Hillary Clinton chamou de "deploráveis" os apoiadores de Trump, e desde então, os adjetivos pioraram bastante. "As pessoas são agredidas por colar um adesivo no carro, por isso preferem não dizer nada", afirmou o pesquisador.

A se confirmar que os estados de Wisconsin e Michigan vão com Biden e que a Georgia fica com Trump, resta ainda a crucial Pensilvânia, onde um caminhão de votos aguarda contagem.

Não dá para dizer quem será o candidato vitorioso.

Mas já é possível cravar quem perdeu. E nessa categoria entram, além dos institutos, todos os que confundiram torcida com realidade.