Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Bate-boca com Ramos faz soar a sirene do desembarque do Centrão do governo
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Jair Bolsonaro acordou hoje de manhã com o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), sacudindo diante dele o superpedido de impeachment encaminhado ao Congresso pela oposição.
Ramos usou o Twitter para avisar que recebeu uma cópia do documento que imputa 21 crimes de responsabilidade ao ex-capitão e escreveu que, à primeira vista, o pedido pareceu-lhe "bem consistente".
A ameaça velada do vice-presidente da Câmara foi o primeiro resultado do duplo erro que Bolsonaro cometeu ao chamar o deputado de "insignificante" na discussão sobre o fundão eleitoral.
Na qualidade de número 2 da Câmara, o deputado Marcelo Ramos tem franco acesso ao botão amarelo do afastamento presidencial.
Basta o titular do cargo, Arthur Lira, se levantar da cadeira para que ele se sente nela e faça a leitura de um dos muitos pedidos de afastamento que repousam na gaveta da presidência da Casa.
Ramos pode decidir ler o pedido de impeachment?
Sozinho, nunca.
O PL, partido ao qual o deputado pertence, tem dono e comando centralizado. Seu presidente é Valdemar Costa Neto e foi com ele que Ramos conversou antes de ameaçar Bolsonaro com a abertura do processo de afastamento. Valdemar Costa Neto, apelido "Boy", é um importante articulador do Centrão — o bloco que governo nenhum compra, só aluga, como se diz em Brasília.
Isso posto, chega-se ao segundo resultado do duplo erro que Bolsonaro cometeu ao tentar humilhar o vice-presidente da Câmara.
Na floresta de Brasília, resta agora cristalino que, ao autorizar a resposta dura de Ramos à malcriação do ex-capitão, Valdemar sinalizou que seu partido subiu no telhado, se desamarrou do governo e agora "está no mercado".
Recentemente, o ex-presidente Lula havia feito acenos ao partido do Boy. Em discurso, mencionou a feliz parceria que viveu com o empresário José Alencar, que foi seu vice-presidente e era filiado ao PL. O flerte foi suspenso quando o PL ganhou um ministério de Bolsonaro, a Secretaria de Governo.
Agora, graças à providencial ajuda do ex-capitão e seu destempero verbal, Valdemar e seu PL conseguiram o pretexto que queriam para se cacifar para o leilão de partidos que ajudará a definir o resultado da eleição presidencial de 2022.
O PL, como o Centrão, carrega o caixão mas não pula na cova. E o comportamento do partido diante do episódio Marcelo Ramos revela que a sirene do desembarque começa a zunir nos ouvidos de Bolsonaro.
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