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Thaís Oyama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Saída de Cármen Lúcia está por trás da nova investida contra André Mendonça

Colunista do UOL

16/09/2021 12h51Atualizada em 16/09/2021 20h04

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A Segunda Turma do STF é o tribunal da Lava Jato por excelência.

Das cabeças dos cinco ministros que a compõem saíram decisões como a da parcialidade do ex-juiz Sergio Moro no julgamento do ex-presidente Lula (veredicto mais tarde confirmado pelo plenário da Corte).

E dessas mesmas cabeças virá, por exemplo, a decisiva resposta sobre o foro adequado para o julgamento, no caso da rachadinha, do filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, senador Flávio Bolsonaro.

No início do ano, Cármen Lúcia, uma das cinco cabeças, pediu transferência para a Primeira Turma. A autorização para a mudança, dada no mês passado pelo presidente do STF, Luiz Fux, acendeu o alerta vermelho no radar das lideranças políticas de Brasília.

Isso porque o substituto da ministra será obrigatoriamente o novo ministro do Supremo — que, a depender da vontade de Jair Bolsonaro, será o ex-advogado-geral da União André Mendonça.

Ocorre que, se a chegada de um novo ministro — com potencial de ser o fiel da balança num STF dividido — já concentrava a atenção dos políticos, o fato de ele vir a ser também um integrante da temida Segunda Turma tornou crucial a definição do seu nome.

O futuro novo ministro e quinto integrante da Turma, dado o seu potencial de desempate no Plenário e no colegiado, poderá ter nas mãos o destino de quase meia centena de políticos, de mais de dez partidos, ainda investigados ou denunciados na Lava Jato. Mais que a quantidade de excelências em litígio com a Justiça está o peso de seus nomes — a lista dos enroscados é farta de lideranças e caciques partidários de todos os matizes.

Para esses políticos, integrantes da categoria que conta, não importa se o novo ministro do STF seja terrivelmente evangélico, mas apenas que esteja terrivelmente comprometido com o desmonte da Lava Jato.

Nesse sentido, o nome de Mendonça é muito mais uma dúvida do que uma certeza. E, para ele, o fato de ser terrivelmente bolsonarista é cada vez menos uma vantagem.

A classe política dirigente está interessada no que será de seu futuro nos próximos dez anos. E desconfia que o futuro do padrinho de Mendonça durará bem menos que isso.