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Público fiel se distancia de Bolsonaro, mas ele derrete ainda a conta-gotas
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Nem o 7 de setembro golpista nem a gasolina a 7 reais foram suficientes para nocautear a popularidade de Jair Bolsonaro. O presidente segue ladeira abaixo, mas no ritmo de degrau por degrau.
O Datafolha de ontem mostrou que a reprovação do ex-capitão passou de 51% para 53%, uma oscilação de dois pontos.
Bolsonaro já tomou tombo bem pior.
Em janeiro, a falta de vacinas, a crise de oxigênio em Manaus e o fim do auxílio emergencial jogaram o ex-capitão em um redemoinho de insatisfação que atingiu todas as regiões do país e todas as classes sociais.
Naquele mês, segundo o Datafolha, a avaliação de "ruim e péssimo" do presidente subiu de 32% para 40% — uma piora de oito pontos.
Mas se a queda de Bolsonaro desta vez é menor, isso não deve servir de alívio para ele.
O levantamento do Datafolha mostra que, embora o presidente derreta a conta-gotas, esse derretimento é constante e começa a minar suas fortalezas eleitorais.
As regiões Norte, Centro-Oeste e Sul, em que o ex-capitão é tradicionalmente mais bem avaliado, começam a dar mostras de mau-humor, conforme já havia antecipado esta coluna.
E, para infelicidade de Bolsonaro, o mesmo ocorre com os evangélicos.
Nesse segmento, diz o instituto, a aprovação do ex-capitão desabou oito relevantes pontos — caiu de 37% para 29%.
Em seu livro "O povo de Deus", o antropólogo Juliano Spyer reúne indicadores de que a vitória do ex-capitão nas eleições de 2018 não ocorreria não fosse o maciço apoio que ele recebeu de protestantes — mais especificamente, evangélicos das vertentes pentecostal e neopentecostal, e mais especificamente ainda, o da parcela feminina adepta dessas correntes.
Hoje, a popularidade do presidente está basicamente sustentada pelo tripé formado pelos bolsonaristas-raiz, os eleitores evangélicos e os chamados eleitores do agro —moradores das fronteiras agrícolas beneficiados com a alta do preço das commodities e concentrados nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul.
Embora as duas últimas pontas deem mostras de começar a bambear, na fotografia de hoje, Bolsonaro, com 22% de aprovação, continua no páreo das eleições de 2022.
Em que estado ele chegará para disputá-las, no entanto, dependerá do ritmo que pingar o conta-gotas.
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