Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Fala de Pacheco isola mais Alcolumbre, que resiste a sabatinar Mendonça
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
O presidente da CCJ, Davi Alcolumbre, que há 75 dias se recusa a agendar a sabatina de André Mendonça, o indicado de Jair Bolsonaro para ocupar a vaga aberta no STF, recebeu um gentil ultimato na sexta-feira passada.
Em visita a São Paulo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, cobrou publicamente Alcolumbre ao declarar que "sabatina de André Mendonça é tarefa e missão constitucional da CCJ" e precisa ocorrer "o quanto antes".
O que o presidente do Senado pachecamente quis dizer com a frase foi que está dado o primeiro aviso e, caso Alcolumbre insista em continuar travando a sabatina de Mendonça, ele poderá ser obrigado a ouvir os pedidos da base bolsonarista do Senado e passar por cima da CCJ, levando o caso diretamente ao plenário.
Alcolumbre, afirmam tanto aliados como desafetos, fez do travamento da sabatina do indicado de Bolsonaro seu protesto pelas perdas que considera ter sofrido ao apoiar o governo.
O ex-presidente do Senado e ex-detentor de poderes e influência sobre a distribuição das milionárias emendas RP-9 considera que a derrota de seu grupo político no Amapá nas últimas eleições não teria ocorrido tivesse ele recebido o devido apoio do governo durante o apagão que atingiu o estado em novembro.
A suposta preferência do senador por Augusto Aras, se um dia justificou a demora no agendamento da sabatina de Mendonça, hoje não justifica mais: Bolsonaro tem sido taxativo ao dizer a assessores próximos que não indicará o atual Procurador-Geral da República ao STF ainda que o Senado rejeite Mendonça.
Sem argumentos que não as próprias mágoas para continuar travando a sabatina do indicado de Bolsonaro, Alcolumbre se vê cada vez mais isolado e, agora, também ameaçado de boicote em seu estado pela bancada evangélica que defende o nome do pastor presbiteriano para o STF. Segundo o IBGE, os evangélicos correspondem a 28% da população do Amapá, o que significa que a cada dez habitantes do estado, três são seguidores da religião.
Senadores bolsonaristas e integrantes do governo vêm defendendo há tempos a possibilidade regimental de Pacheco avocar para o plenário do Senado a sabatina de Mendonça. Para os defensores da tese, o STF não criaria empecilhos para a iniciativa. Primeiro, porque a jurisprudência do tribunal prevê a não intromissão em questões internas do Legislativo (os chamados temas "interna corporis"). Depois, porque o nome de Mendonça já foi digerido pela maioria da Corte e hoje é defendido publicamente por ao menos dois de seus ministros, Gilmar Mendes e Dias Toffoli.
A declaração de Pacheco mostra que os Poderes estão afinados.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.