Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Como o dinheiro influenciará a definição dos candidatos à Presidência
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Se fosse pela vontade da maior parte dos políticos, seus partidos nunca teriam candidato próprio à Presidência da República (a lógica só não vale para o PT, por motivos que abaixo se explicará).
Isso porque, com o financiamento privado proibido por lei desde 2015, o dinheiro para as campanhas vem basicamente do Fundo Eleitoral — e ele não é elástico.
Quem lança um candidato ao Planalto tem de reservar uma boa parte dos recursos para a empreitada. Quem não tem candidato próprio fica com mais dinheiro para dividir entre os pleiteantes a deputado, senador e governador.
É por isso que hoje, em todos os partidos que acenam com candidaturas à Presidência, há resistência à iniciativa.
No PSDB, essa resistência afeta diretamente o curso das prévias que irão definir se será João Doria ou Eduardo Leite o candidato do partido à sucessão de Bolsonaro.
Uma ala liderada pelo deputado Aécio Neves (MG) defende a candidatura de Leite, governador do Rio Grande do Sul, inclusive e sobretudo porque sabe que, sendo ele o vitorioso nas prévias, o PSDB, em vez de lançar candidato próprio, poderá compor com outras siglas de centro e assim direcionar a verba do fundo eleitoral para as candidaturas a deputado, por exemplo.
Aécio, que como muitos de seus pares, acostumou-se à generosidade da iniciativa privada para tocar suas campanhas, agora tem nas verbas do fundo eleitoral uma condição fundamental para garantir sua sobrevivência política.
Para integrantes do PSL e DEM, a situação não é diferente.
Caso o projeto de fusão das duas siglas se concretize, a legenda que surgir dela já entra em cena com pelo menos três presidenciáveis —Luiz Henrique Mandetta e Rodrigo Pacheco, do DEM; e José Luiz Datena, do PSL.
A partir daí, o DEM-PSL terá de definir seu projeto principal, e se ele levará em conta a resistência das bancadas temerosas de ver o cofrinho do partido se esvaziar.
A única sigla em que o dilema —canalizar recursos para campanha presidencial ou investir na formação de uma grande bancada no Congresso — não existe, ou pelo menos não é discutido, é o PT.
E não apenas porque, como dono da maior fatia do fundo eleitoral dentre todos os partidos, ele tem recursos de sobra.
É que lá, quem manda — ontem, hoje e sempre — é Lula.
E Lula ninguém ousa contrariar.
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