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Thaís Oyama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pesquisas se cristalizam e quadro só muda se Lula ou Bolsonaro desistirem

Lula e Bolsonaro: congelamento nas pesquisas deve ir até julho, com ligeira melhora do ex-capitão - Reprodução
Lula e Bolsonaro: congelamento nas pesquisas deve ir até julho, com ligeira melhora do ex-capitão Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

17/02/2022 10h18

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Dois pontos para cima, três pontos para baixo e nada muda.

Lula é o favorito na corrida à Presidência e Jair Bolsonaro está atrás dele, com os demais colocados a léguas dos dois.

Assim têm vindo as últimas pesquisas e assim elas devem continuar nos próximos meses.

O levantamento do PoderData, divulgado ontem, confirma a tendência de cristalização do quadro eleitoral, que só mudará no curto prazo se Lula ou Bolsonaro renunciarem às suas candidaturas.

Não há nenhum indício de que isso esteja por acontecer.

Assessores próximos de Bolsonaro riem da hipótese de o ex-capitão vir a desistir da reeleição para tentar uma vaga no Senado e aliados de Lula repelem com indignação as insinuações de que o ex-presidente esteja "cansado" ou com problemas médicos — dois dos boatos que volta e meia logram atravessar a zona das fake news para poluir o noticiário. Os fatos: até este momento, Lula está bem de saúde e Bolsonaro não cogita desistir da tentativa de reeleição.

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Dito isso, os vetores das pesquisas só deverão começar a se mexer de verdade a partir de julho.

Isso porque, até lá, algumas datas-limite fundamentais para a definição do cenário terão expirado.

No dia 1º de abril, fecha-se a janela partidária que permite a troca de políticos de partido. Significa que o ex-tucano Geraldo Alckmin, por exemplo, terá finalmente de se decidir por qual partido será candidato a vice na chapa de Lula. Há pelo menos cinco meses Alckmin reflete se deve se filiar ao PSB ou ao PSD.

No dia 2 de abril encerra-se outro prazo importante: o presidente da República, governadores e prefeitos que queiram concorrer a outros cargos têm de renunciar aos seus mandatos.

Ou seja: caso Bolsonaro mude de ideia e pretenda concorrer a senador ou deputado federal, terá até esse dia para renunciar ao restante do mandato de presidente. É a mesma situação dos governadores tucanos João Doria e Eduardo Leite — o primeiro, pré-candidato do PSDB à presidência da República, e o segundo ainda indeciso sobre se irá se candidatar, a quê e por qual partido.

Já o mês de julho será decisivo para saber que pré-candidatos à Presidência ficarão pelo caminho. É quando começam as convenções dos partidos destinadas a sagrar os nomes dos filiados que irão concorrer nas eleições de 2022. O prazo para as convenções termina no dia 2 de agosto, data em que os brasileiros saberão que nomes estarão de fato nas urnas em outubro.

A partir daí, tem início a campanha eleitoral propriamente dita e as pesquisas poderão começar a mostrar alguma alteração significativa nos números — a depender, entre outras variáveis, da intensidade dos embates, da natureza dos ataques entre os candidatos e do aumento do interesse do eleitor pelo assunto. A propaganda eleitoral, inclusive na internet, está permitida a partir do dia 16 de agosto.

Por ora, o que se avista no monótono horizonte das pesquisas é, no máximo, uma ligeira melhora na avaliação de Bolsonaro, resultante sobretudo da distribuição do Auxílio Brasil e outras bondades de ocasião. Trata-se de um movimento inexorável: até hoje, no Brasil, todos os presidentes subiram nas pesquisas em ano de eleição, o que inclui até mesmo Dilma Rousseff.