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Thaís Oyama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Alta da rejeição a Lula anima Bolsonaro e reforça Braga Netto para vice

Lula e Bolsonaro: separados por oito pontos, segundo o PoderData -  Marlene Bergamo - 26.abr.2019/Folhapress e Adriano Machado - 10.mai.2021 /Reuters
Lula e Bolsonaro: separados por oito pontos, segundo o PoderData Imagem: Marlene Bergamo - 26.abr.2019/Folhapress e Adriano Machado - 10.mai.2021 /Reuters

Colunista do UOL

03/03/2022 12h37

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Mais do que uma nova diminuição da sua taxa de rejeição, o que mais animou o presidente Jair Bolsonaro e seu entorno na pesquisa PoderData divulgada ontem foi o aumento da rejeição a Lula.

A porcentagem de entrevistados que declarou não votar no ex-presidente "de jeito nenhum" subiu cinco pontos percentuais em um mês (de 38% para 43%).

Já a taxa de rejeição de Bolsonaro, embora tenha diminuído dentro da margem de erro (caiu de 56% para 54%), mostrou a continuidade da melhora de imagem do presidente iniciada a partir de dezembro, quando 60% dos eleitores o rejeitavam, segundo o PoderData.

A melhora de Bolsonaro nas pesquisas reforçou as chances de o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, assumir a vaga de vice na chapa presidencial.

Isso porque, na avaliação de assessores, o presidente ganhou mais "lastro" para insistir no seu nome preferido. Aliados do centrão, incluindo o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, consideram que Braga Netto não tem ativos eleitorais para oferecer ao chefe e defendiam para o posto de vice a ministra da Agricultura, Teresa Cristina (pela manhã, a ministra disse ao blog da jornalista Andrea Sadi que irá concorrer ao Senado, descartando, portanto, a possibilidade de assumir a vice).

Ao contrário de Bolsonaro — que sempre repete no seu círculo mais próximo ter certeza da vitória nas urnas, "se não for roubado"— aliados do centrão encaram a ligeira subida do presidente nas pesquisas com cautela. Lembram que o cálculo da reeleição envolvia a retomada da economia e a colheita dos dividendos políticos do Auxílio Brasil.

Com a guerra na Ucrânia e a esperada subida da inflação, as coisas podem não sair conforme o planejado. "Faltou combinar com os russos", graceja um colaborador, atualizando a frase de Mané Garrincha.

Mas a maior preocupação de auxiliares próximos do presidente, neste momento, é outra.

Na visão deles, Bolsonaro, como pré-candidato à reeleição, vinha se comportando muito bem. Sobretudo depois que uma pesquisa encomendada por Valdemar Costa Neto, do PL, mostrou o efeito catastrófico das últimas falas "espontâneas" do presidente, o ex-capitão passou a seguir conselhos de assessores de falar menos, evitar críticas às vacinas e ouvir técnicos do governo.

O exemplo mais recente daquilo que um ministro comemorou como sendo uma "correção de rota" foi o fato de o presidente — que na eclosão da crise entre a Rússia e a Ucrânia chegou a declarar a "solidariedade" do Brasil a Vladimir Putin— ter se dobrado ao pragmatismo do Itamaraty. Ontem, o Brasil votou a favor da resolução da ONU contra a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Agora, com a melhora nas pesquisas, o receio de assessores é de que Bolsonaro, ainda mais otimista e mais autoconfiante, volte a ser ele mesmo.