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Com guerra e Landim, Bolsonaro espera fazer na Petrobras o que sempre quis
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O presidente Jair Bolsonaro disse que o governo quer rever a política de paridade internacional de preços da Petrobras.
Bolsonaro acha que pode fazer do limão uma limonada.
Quando, em setembro do ano passado, o litro da gasolina bateu em R$ 7, o efeito do aumento na imagem do presidente foi imediato. Pesquisas mostraram que ele sofreu quedas expressivas de popularidade até em regiões em que sempre foi bem avaliado, como o Sul e o Centro-Oeste. Naquele mês, o preço do barril do tipo Brent ultrapassou a marca dos US$ 80 pela primeira vez desde 2018.
No início deste ano, com o petróleo ainda em alta e a inflação ameaçando corroer o capital político do ex-capitão, o governo empenhou-se em fazer aprovar no Congresso alguma medida que baixasse na marra o preço dos combustíveis.
Começou com uma PEC na Câmara que previa uma renúncia fiscal com impacto de R$ 20 bilhões nas contas públicas e terminou com outra, no Senado, que com o auto-explicativo apelido de PEC Kamikaze, elevava a perda de arrecadação para R$ 100 bilhões.
Como nenhuma das PECs caminhasse no Congresso, Bolsonaro voltou a reclamar da Petrobras ("só dá dor de cabeça") e a dizer que ela "presta serviço para acionistas e mais ninguém".
Em fevereiro, o ex-presidente Lula disse a mesma coisa.
Afirmou — e reafirmou na semana passada— que, se for eleito, não manterá o preço dos combustíveis vinculado ao dólar e que os "únicos interessados" nesse sistema são "os acionistas, principalmente os de Nova York".
As falas de Bolsonaro e Lula começaram a ficar perigosamente parecidas. No governo, as opiniões se dividiram: defender o fim da política de preços da Petrobras seria emular o ex-presidente e isso seria péssimo para a imagem antipetista de Bolsonaro, disseram conselheiros.
Com a guerra na Ucrânia, porém — e o preço do barril do tipo Brent chegando a encostar em US$ 140 nesta segunda-feira— Bolsonaro ganhou um discurso.
Como diz um colaborador: "Lula quer desmontar a política da Petrobras por ideologia. Mas Bolsonaro tem a guerra. E numa situação extraordinária como essa, ele não pode querer manter um fundamento da política econômica que arrisca contaminar toda a economia".
A substituição do almirante Eduardo Bacelar Leal Ferreira pelo presidente do Flamengo, Luiz Rodolfo Landim Machado, na presidência do Conselho de Administração da Petrobras foi o primeiro passo do governo para a desejada interferência na política de preços da estatal.
Landim, que foi indicado no último domingo para assumir o cargo do almirante Ferreira, já presidiu a Gaspetro e a BR Distribuidora. Segundo o colaborador do governo, a escolha do engenheiro se deu porque ele "é um homem capaz, entende melhor a relação que existe entre a Petrobras e o governo, vai arejar a empresa e poderá aceitar alguma medida que não esteja dentro da caixinha".
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