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Poupado no caso MEC, Bolsonaro vira candidato oficial da Assembleia de Deus
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Quem tem Aras tem tudo.
Ontem, a Procuradoria Geral da República — em ofício assinado por sua vice-procuradora, Lindôra Araújo, braço direito do titular Augusto Aras —informou ao Supremo Tribunal Federal não ver motivos para investigar o presidente Jair Bolsonaro no caso MEC.
No episódio, o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse em público ter concedido — a pedido de Bolsonaro— condições privilegiadas para que dois pastores da Assembleia de Deus sem cargo no governo repassassem verbas do Ministério da Educação a prefeitos escolhidos a dedo, serviço pelo qual os pastores agora são acusados de cobrar propina, inclusive na forma de barras de ouro.
Ontem, Bolsonaro foi a estrela do evento no Grande Templo da Assembleia de Deus em Cuiabá, no Mato Grosso, organizado pela Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB).
O presidente de honra da CGADB é o poderoso pastor José Wellington Bezerra da Costa, protagonista do vídeo divulgado em fevereiro pelo Estadão em que ele ensina a colegas qual a frase certa para dizer a um prefeito interessado em obter verbas do governo federal (a partir do 6'10''): "Você quer dinheiro? Quer. Mas chame, então, o pastor da Assembleia de Deus, porque você só receberá verba por intermédio de um pedido do pastor da Assembleia de Deus".
A ida de Jair Bolsonaro ao mais importante evento da maior denominação pentecostal evangélica brasileira em pleno curso do escândalo do MEC mostra que, da parte do ex-capitão, ele decidiu dobrar a aposta e não recuará das ligações que seu governo estabeleceu com os líderes religiosos suspeitos de trocar dinheiro público por apoio político — Arilton Moura e Gilmar Santos, os pastores investigados no caso MEC, são próximos ao ministério do Belém, congregação de igrejas da Assembleia de Deus também presidida pelo pastor Bezerra da Costa.
Bolsonaro dobrou a aposta, entre outras coisas, porque está confiante de que, além de livrar-se de investigações do caso MEC na Justiça, irá se desvencilhar também da CPI sobre o caso. Mesmo o senador Randolfe Rodrigues (Rede), autor do pedido de abertura da CPI do MEC, está descrente da possibilidade de ela vingar a seis meses das eleições.
Da parte dos líderes da Assembleia de Deus, o que a presença de Bolsonaro no evento da CGADB sinaliza é a consolidação de uma aliança eleitoral entre a igreja e o presidente candidato à reeleição.
Afirmou o pastor Bezerra da Costa em seu discurso no encontro: "Senhor presidente, o senhor é o nosso pré-candidato. Esperamos que no mês de outubro vá envergonhar o diabo, para dizer para aquela gente que não gosta dos crentes que Jesus Cristo Senhor dará a este homem a vitória no primeiro turno, se Deus assim permitir."
A maior denominação pentecostal do pais, com seus 13 milhões de fieis, ontem se colocou oficialmente a serviço do candidato Bolsonaro.
Se recebeu ou receberá algo em troca é uma pergunta que a investigação do caso MEC poderá ajudar a responder — investigação que, agora, graças à PGR, não incluirá Bolsonaro.
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