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Bolsonaro tomou quase sozinho decisão que afaga evangélicos e militares
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Jair Bolsonaro tomou a decisão de anunciar a concessão do indulto individual ao deputado Daniel Silveira na solidão de seu núcleo familiar.
Nem o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, hoje o principal conselheiro político do ex-capitão, foi consultado. O ministro estava curtindo o Carnaval no Rio quando foi pego pela notícia de surpresa, da mesma forma que os comandantes das Forças Armadas — o que indica que tampouco o ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira, a quem os comandantes estão subordinados, foi ouvido pelo presidente acerca da decisão que deu origem ao mais direto embate entre Poderes da República desde o início do governo Bolsonaro.
Ao afrontar o Supremo Tribunal Federal por meio da tentativa de anular a condenação de Daniel Silveira, Bolsonaro e seus filhos Flavio e Eduardo Bolsonaro (que se manifestaram no Twitter em defesa do deputado, o primeiro dizendo que o "bem sempre vence o mal" e o segundo comparando o condenado a Jesus Cristo) sabiam estar agradando três dos mais importantes núcleos de apoio do ex-capitão: os bolsonaristas raiz, as lideranças evangélicas e os militares.
Em comum, os três núcleos compartilham a visão de que o STF age para minar o governo Bolsonaro.
Entre os generais que nunca se conformaram com a anulação das condenações do ex-presidente Lula pelo ministro Edson Fachin, é corrente o discurso de que o STF é um tribunal "que livra Lula e prende um deputado com mandato".
Já para lideranças evangélicas, sobretudo das vertentes pentecostal e neopentecostal, o STF representa o bastião do liberalismo dos costumes que elas combatem — é a Corte que "libera o aborto de anencéfalos e defende o casamento gay". A presença da primeira-dama, a evangélica Michelle Bolsonaro, na live em que o presidente anunciou sua intenção de indultar Daniel Silveira reforça a influência que o segmento religioso teve na decisão presidencial.
O apoio dos evangélicos, hoje 31% dos brasileiros, é fundamental para o candidato Bolsonaro melhorar seus índices de intenção de voto nas pesquisas. Já o suporte dos militares, se não tem o poder de mexer os ponteiros dos levantamentos, continua sendo, como símbolo, um ativo precioso.
Juristas têm defendido em coro que, por razões técnicas e constitucionais, o indulto pretendido por Bolsonaro não passará.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede), líder da oposição no Senado Federal, já anunciou que entrará com um pedido de revisão do ato presidencial no Supremo. Na apreciação do pedido pelo colegiado do tribunal, Bolsonaro sabe que perderá de goleada. Mas sabe também que, ao se jogar no chão e pedir pênalti, já fez seu show para a plateia.
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