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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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Na prévia dos ataques na TV, Lula se sai melhor que Bolsonaro, diz pesquisa

Lula e Bolsonaro: em agosto, na TV, o primeiro round - Divulgação e Agência Brasil
Lula e Bolsonaro: em agosto, na TV, o primeiro round Imagem: Divulgação e Agência Brasil

Colunista do UOL

21/06/2022 04h00

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Esta é parte da versão online da edição desta segunda-feira (20) da newsletter da Thaís Oyama — um radar das pesquisas: o que está por trás dos números que apontam os rumos dessas eleições. Na newsletter completa, apenas para assinantes, a colunista traz o resultado de uma série de estudos do Instituto Locomotiva que antevê os principais lances da campanha eleitoral na TV entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro e a reação dos eleitores a eles. Inscreva-se para receber a newsletter, que inclui a coluna "Em off".

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Uma prévia dos ataques na TV e de como o eleitor reagirá a eles

Quando a campanha começar para valer e a propaganda eleitoral de Jair Bolsonaro investir nos ataques a Lula com base, principalmente, nos episódios de corrupção do PT, o ex-presidente poderá cair significativamente nas pesquisas?

Para responder a essa e outras perguntas sobre os temas que serão abordados pelos dois principais candidatos no horário eleitoral e como os eleitores irão reagir a eles, o Instituto Locomotiva agregou análises, estudos qualitativos e testes de argumento feitos por diferentes empresas de pesquisa.

A conclusão é melhor para Lula do que para Bolsonaro.

Pior cena para Lula é a da audiência com Moro; para Bolsonaro, a da "falta de ar"

Num dos trabalhos analisados, grupos de eleitores foram expostos a quatro filmes produzidos com base nas mais prováveis acusações que cada candidato fará contra o seu oponente no horário eleitoral da TV.

Dois dos filmes focavam em pontos fracos de Lula frequentemente citados por eleitores em pesquisas qualitativas: os casos de corrupção envolvendo o PT e a proximidade do partido com governos de esquerda, exemplificada pelos empréstimos feitos nas gestões petistas a países como Cuba e Venezuela.

Os outros dois vídeos miravam as principais vulnerabilidades de Bolsonaro, também segundo apontam mais frequentemente os eleitores: o comportamento do presidente na pandemia de coronavírus e o seu papel na crise econômica por que passa o país.

No caso do filme "contra Lula", as cenas que mais suscitaram críticas e sentimentos negativos em relação ao petista foram: a que mostrou o ex-presidente como réu na Lava Jato, em audiência diante do ex-juiz Sérgio Moro; e a em que o locutor dizia que o PT emprestou para a Venezuela "dinheiro que poderia ter investido no Brasil".

No filme "contra Bolsonaro", as imagens que mais provocaram reações contrárias ao presidente foram: a cena em que o ex-capitão imita um paciente de covid com falta de ar, depois de dizer que "todos vamos morrer"; e a em que, no cercadinho do Palácio da Alvorada, ele diz a um admirador: "Chefe, o Brasil tá quebrado, chefe. Eu não consigo fazer nada."

"Cristaliza-se a impressão de que Bolsonaro não dá conta de governar"

A análise das reações dos eleitores aos quatro filmes levou o instituto Locomotiva às seguintes conclusões:

  1. Menos de um quarto dos eleitores expostos aos vídeos declarou disposição de mudar de voto depois de assisti-los. Desses eleitores, nenhum migrou de Lula para Bolsonaro ou vice-versa. "Isso é um indicativo de que os votos nesses nomes estão consolidados e dificilmente haverá transferência de votos de um para o outro", diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
  2. No grupo dos eleitores que não votam nem em Lula nem em Bolsonaro, as imagens que mostraram o comportamento do presidente diante da pandemia foram as que, de longe, provocaram as reações negativas mais fortes. Em segundo lugar --na escala de intensidade dos sentimentos negativos provocados pelas imagens dos filmes--, veio a atitude do presidente diante da crise econômica. Segundo Meirelles, isso demonstra que "cristaliza-se a impressão entre os eleitores nem-nem [que não votam em Lula nem em Bolsonaro] de que o presidente terceiriza responsabilidades e não dá conta de governar".
  3. Já os episódios de corrupção no governo petista mostrados nos vídeos tiveram impacto relativamente baixo no grupo dos nem-nem. "A corrupção é, sem dúvida, o ponto fraco de Lula, mas, como tema de campanha, é proporcionalmente menos sensível para ele do que é a pandemia e a economia para Bolsonaro", diz Meirelles. "Não será, portanto, a corrupção que irá tirar votos do candidato petista", afirma o pesquisador.

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