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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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Qual a chance de Bolsonaro se reeleger?

Presidente Jair Bolsonaro (PL): ele já esteve melhor, mas também já esteve muito pior - Isac Nóbrega/PR
Presidente Jair Bolsonaro (PL): ele já esteve melhor, mas também já esteve muito pior Imagem: Isac Nóbrega/PR

Colunista do UOL

28/06/2022 00h00

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Esta é parte da versão online da edição desta segunda-feira (27) da newsletter da Thaís Oyama — um radar das pesquisas: o que está por trás dos números que apontam os rumos dessas eleições. Na newsletter completa, apenas para assinantes, a colunista traz um estudo mostrando as chances de reeleição do presidente Bolsonaro, além de uma análise do diretor do instituto FSB, Marcelo Tokarski, indicando que elas estão diretamente relacionadas ao pagamento dos auxílios emergencial e Brasil. Inscreva-se para receber a newsletter, que inclui a coluna "Em off", e conheça outros nove boletins exclusivos do UOL.

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Qual a chance de Bolsonaro se reeleger?

O presidente Jair Bolsonaro tem hoje 43% de chances de se reeleger. A taxa já foi bem maior: em outubro de 2020, chegou a 88%. Mas também já foi bem pior: em dezembro de 2021, o ex-capitão tinha irrisórios 13% de chances de seguir no Palácio do Planalto em 2023.

O cálculo, baseado no cruzamento de pesquisas eleitorais e análise de eleições passadas, é do estatístico Neale Ahmed El-Dash, responsável pelos levantamentos do Instituto FSB e pelo desenvolvimento do agregador de pesquisas do UOL.

A análise do estudo deixa claro que — para além do comportamento do presidente, dos escândalos de seu governo e de episódios como a anulação da condenação do ex-presidente Lula (PT), hoje favorito nas eleições — os fatores determinantes para a curva das chances de reeleição de Bolsonaro foram: a pandemia e o Auxílio Brasil.

"A pandemia e seus reflexos na economia puxaram o presidente para baixo. E o pagamento dos auxílios emergencial e Brasil foi o que, definitivamente, elevou suas chances até agora", afirma Marcelo Tokarski, diretor do FSB.

Chances de vitória sobem com Auxílio e caem com a suspensão do benefício

Em fevereiro de 2020, quando eclodiu a pandemia de coronavírus, as chances de Bolsonaro de se reeleger eram de 80%, segundo o estudo de El-Dash.

Três meses depois, com o agravamento da pandemia e o reflexo da paralisação da atividade econômica na vida dos brasileiros, a possibilidade de vitória do ex-capitão caiu para 34%.

Em abril, porém, o governo pagou a primeira parcela do auxílio emergencial, no valor de R$ 600, e em outubro — sétimo e último mês da concessão do benefício— as chances de reeleição de Bolsonaro haviam subido para 88%.

Foi o pico a que chegou o presidente.

Com a suspensão do auxílio em outubro de 2020, a taxa despencou rapidamente, até chegar a 26% no início de abril de 2021 — mês em que o benefício foi retomado, mas com valor menor (máximo de R$ 375).

Menor também foi o impacto da nova rodada do auxílio sobre as chances de vitória de Bolsonaro. O pico de 88% nunca mais foi atingido.

A taxa máxima obtida pelo presidente durante a segunda rodada do pagamento do auxílio, que durou outros sete meses, foi de 40%.

Nessa rodada, a última parcela do benefício foi paga em outubro de 2021 e, a partir daí, as chances de o presidente se reeleger voltaram a cair.

Em dezembro, dois meses depois da suspensão do benefício e com apenas um mês de pagamento dos R$ 400 do Auxílio Brasil, o programa que substituiu o Bolsa Família, Bolsonaro chegou ao fundo do poço. Suas chances de vitória estavam em 13% — ou seja, tornaram-se praticamente inexistentes.

A partir daí, a recuperação do ex-capitão deu-se em ritmo e intensidade bem menores do que na primeira rodada do pagamento do auxílio emergencial.

Sua chance atual de reeleição, de 43%, foi calculada depois da divulgação das pesquisas Poder360 e DataFolha, na semana passada.

O que pode mudar o cenário atual

Para Marcelo Tokarski, diretor da FSB, uma eventual mudança do cenário atual — em que o presidente Bolsonaro aparece em larga desvantagem em relação ao ex-presidente Lula, e com apenas 4 chances entre 10 de ganhar — irá depender de dois fatores:

  1. Se o governo conseguir aprovar medidas econômicas de alto potencial eleitoral como o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 e o eleitor sentir rapidamente os efeitos desses benefícios, levando-se em conta que as eleições ocorrem em menos de cem dias;
  2. Se a campanha eleitoral na TV, que começa em agosto, tiver o poder de baixar as hoje praticamente imutáveis taxas de rejeição de Bolsonaro -- sobretudo entre a população de baixa renda e as mulheres, que representam mais da metade do eleitorado.

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