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Thaís Oyama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Com Michelle, Bolsonaro imita Universal e a guerra a "demônios da umbanda"

Presidente Jair Bolsonaro (PL) e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, em culto evangélico - Reprodução
Presidente Jair Bolsonaro (PL) e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, em culto evangélico Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

10/08/2022 10h45

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Começou com a Igreja Universal do Reino de Deus.

A marca de denominação neopentecostal, fundada em 1977 por Edir Macedo, foi a primeira no Brasil a investir de forma sistemática na "demonização" das religiões de matriz africana, como a umbanda.

Em 1977, Macedo publicou um livro cuja proibição chegou a ser pedida pelo Ministério Público Federal por "promover ofensas às religiões afro-brasileiras" e tratá-las como "seitas demoníacas" e "canais de atuação dos demônios" na terra, segundo alegaram os procuradores à época.

Agora, com a ajuda de Michelle Bolsonaro, a campanha do presidente Jair Bolsonaro segue as pegadas do bispo Macedo.

Ontem, a primeira-dama compartilhou um vídeo postado pela vereadora bolsonarista de São Paulo Sonaira Fernandes (Republicanos) em que o ex-presidente Lula participa de uma celebração da umbanda na Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador.

A vereadora Sonaira, comentando as imagens gravadas no ano passado, associou a religião "às trevas" e afirmou que "Lula já entregou sua alma para vencer essa eleição".

Ao reproduzir o vídeo horas depois em sua página no Instagram, Michelle se limitou a escrever: "Isso pode né! Eu falar de Deus não".

Os pentecostais e neopentecostais brasileiros representam em torno de 70% dos cristãos evangélicos do país e nada menos do que 20% do total do eleitorado.

São eles os destinatários do vídeo que, disseminado desde ontem pelo bolsonarismo, objetiva inocular no segmento a ideia de que as eleições presidenciais não tratam de uma disputa entre Bolsonaro e Lula, mas de uma guerra entre Jesus e os demônios.

Para todos os efeitos, o vídeo foi publicado por uma mulher negra e, na qualidade de vereadora, detentora de imunidade jurídica.

A primeira-dama "apenas" compartilhou o material. Ao fazê-lo, claro, promoveu sua viralização. Agora, Michelle apagou o vídeo do seu instagram e a vereadora o manteve, de modo que ele continua sendo velozmente compartilhado nas redes.

Ninguém disse que o jogo não seria sujo.