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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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Quem é o eleitor que vai definir a eleição presidencial

Eleitor chave  ganha em torno de R$ 1,8 mil, votou em Dilma em 2014 e em Bolsonaro em 2018 - SOPA Images/LightRocket via Gett
Eleitor chave ganha em torno de R$ 1,8 mil, votou em Dilma em 2014 e em Bolsonaro em 2018 Imagem: SOPA Images/LightRocket via Gett

Colunista do UOL

09/08/2022 04h00

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Esta é parte da versão online da newsletter de ontem (8) da Thaís Oyama. Na newsletter completa, apenas para assinantes, a colunista conta qual é o perfil do brasileiro que pode definir o resultado da eleição para presidente da República. O texto traz ainda a seção "Em off", em que um influente cacique partidário e um representante do centrão revelam suas previsões sobre a formação e os humores do Congresso num eventual governo Lula. Quer receber antes o pacote completo, com a coluna principal e mais informações, no seu e-mail, na semana que vem? Inscreva-se aqui.

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O eleitor que irá definir a eleição presidencial deste ano é mulher, tem renda familiar mensal em torno de R$ 1,8 mil, mora na periferia de uma grande cidade da região Sudeste, se professa católica ou evangélica e trabalha fora.

Ela se informa pela TV e pela internet, interessa-se pouco por questões como corrupção e relativas à política e tem como prioridades para o próximo governo a melhora da economia e dos serviços — em especial saúde, segurança e educação.

Votou no PT no passado e em Jair Bolsonaro em 2018, mas está decepcionada com o presidente sobretudo por causa do aumento do custo de vida.

Nessas eleições, ainda não tem certeza sobre o seu voto.

De acordo com Bruno Soller, cientista político e pesquisador associado da Real Time Big Data, esse é o perfil do eleitor— integrante da classe social C2, na nomenclatura da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas, a Abep— que fará a balança da eleição de outubro pender para o ex-presidente Lula (PT) ou para o presidente Jair Bolsonaro (PL).

O "swing vote" brasileiro

"A C2 é o nosso swing vote", afirma o pesquisador, numa referência à expressão americana que define o eleitor ou grupo de eleitores pouco fieis a partidos, cujo voto, por sua volatilidade, é difícil de prever e, nos Estados Unidos, foi fundamental para eleger Donald Trump em 2016.

A C2 seria o "swing vote" brasileiro porque, segundo Soller, foi o único estrato social do país cujo comportamento eleitoral se modificou desde 2006.

A partir daquele ano, com a consolidação dos programas de distribuição de renda pelo governo do PT, a sigla do ex-presidente Lula fidelizou o voto dos brasileiros mais pobres, que permaneceram leais a ela mesmo diante da eclosão de escândalos como o mensalão.

Já na classe média alta (que reúne as classes B e C1, segundo os critérios da Abep), a sucessão de episódios de corrupção envolvendo a legenda alimentou o antipetismo e fez com que, nos estados com maior concentração desses estratos sociais, passassem a sair sempre vitoriosos os candidatos "anti-Lula" — em 2006, Geraldo Alckmin; em 2010, José Serra; e em 2014, Aécio Neves, todos então tucanos.

71% dos "swing voters" ainda não definiram seu candidato

Ocorre que em 2018 Jair Bolsonaro tomou o lugar dos tucanos e abocanhou não só os redutos antipetistas como também os bolsões de eleitores que, distribuídos nas regiões metropolitanas das grandes cidades do país, haviam votado no PT no passado.

"Esses eleitores da classe C2, que um dia votaram em Lula e Dilma, escolheram Bolsonaro em 2018 pelas suas promessas de entrega, sobretudo, na área da segurança pública"
Bruno Soller, cientista político e pesquisador associado da Real Time Big Data

Segundo o pesquisador, o ex-capitão apareceu como uma esperança, por exemplo, "para a moradora da periferia das grandes cidades que, ao sair para trabalhar, via o traficante vendendo drogas na porta da sua casa e ficava com medo de o filho usar."

De 2014 para 2018, o PT teve uma perda de 6,5 milhões de eleitores na região Sudeste, principalmente nos municípios com a presença maciça da classe C2 — a mesma que agora se distancia de Bolsonaro, frustrada com os resultados econômicos do seu governo.

A C2 reúne 27% da população brasileira, menos apenas do que a classe D.

É um imenso contingente — e ainda indeciso.

Se, no cômputo geral, as pesquisas indicam que mais de 70% dos brasileiros já definiram o seu candidato, na "swing vote" brasileira, o cenário é inverso: 71% dos integrantes da C2 dizem ainda não ter certeza do seu voto, afirma Soller. "A eleição irá para onde essa classe for", diz o pesquisador.

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