Topo

Thaís Oyama

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Abstenção é vantagem para Bolsonaro, mas um fator pode beneficiar Lula

Colunista do UOL

28/09/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Esta é parte da newsletter da Thaís Oyama enviada ontem (27). Na newsletter completa, apenas para assinantes, a colunista conta por quê, apesar da tendência de a abstenção beneficiar o presidente Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva pode escapar do prejuízo. O texto traz ainda a coluna "Em off", que mostra o destino que um coordenador da campanha de Lula pretende reservar ao presidente da Câmara, Arthur Lira. Quer receber antes o pacote completo, com a coluna principal e mais informações, no seu e-mail, na semana que vem? Inscreva-se aqui.

********

Uma olhada no passado autoriza a afirmação de que a abstenção nas eleições deste ano tende a beneficiar Jair Bolsonaro (PL) e prejudicar Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Desde 2006, a taxa de não comparecimento dos eleitores às urnas cresce a cada pleito. As causas aventadas por especialistas variam: vão do baixo valor da multa cobrada dos faltosos (R$ 3,51) a um possível aumento da descrença na política, e nos políticos, ocorrido a partir do escândalo do mensalão, em 2005.

O que não tem mudado, porém, é o perfil dos que se abstêm de ir às urnas. "Os mais pobres e os mais velhos são os grupos que tendem a participar menos", lembra o cientista social Felipe Nunes, diretor da Quaest.

O risco que corre Lula e o que ameaça Bolsonaro

Em 2018, por exemplo, no recorte por faixa etária, o grupo que mais se absteve de votar foi o de eleitores com 70 anos ou mais. Nesse segmento, em que o voto deixa de ser obrigatório, a taxa de comparecimento no dia da eleição caiu para mais da metade. Se esse movimento se repetir neste ano, a desvantagem será de Bolsonaro, que tem sua maior porcentagem de intenção de votos — em torno de 40%— entre os eleitores com mais de 50 anos.

Na mesma eleição de 2018, o recorte por escolaridade mostrou que menos de 50% dos eleitores analfabetos foram às urnas. Entre os que declararam apenas saber ler e escrever essa taxa subiu para 71% e ficou em cerca de 78% entre os que que têm o fundamental completo ou incompleto. Enquanto isso, a porcentagem de comparecimento entre os que completaram o curso superior chegou a 88,4%.

Caso esse padrão se repita nas eleições deste ano, o prejuízo será de Lula, que tem sua maior porcentagem de intenção de votos — em torno de 60%— nas classes D e E, em que a escolaridade tende a ser mais baixa.

Mas se o histórico de eleições aponta uma desvantagem significativa para Bolsonaro e outra para Lula, o resultado NÃO é o empate.

Se a abstenção continuar aumentando neste ano, a tendência é de que cresça, na mesma proporção, o não comparecimento dos mais pobres e dos mais velhos. "E como há mais pobres do que velhos no Brasil, o perigo maior é de Lula", diz Nunes.

O fator que pode beneficiar o petista

Ocorre que, lembra o pesquisador, esta eleição tem a polarização como característica maior.

"Com uma polarização tão acirrada, não seria surpresa se as pessoas fossem votar em maior número. O engajamento gerado pela polarização pode fazer com que o não comparecimento às urnas recue em vez de aumentar como vem acontecendo desde 2006, segundo o TSE", diz o cientista social.

Nesse caso, Lula escaparia do prejuízo causado pela abstenção projetada para o segmento mais pobre do eleitorado. "A ida ou não de parte de um segmento de eleitores às urnas é o que pode definir essa eleição", afirma Nunes.

****

LEIA MAIS NA NEWSLETTER