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Valdemar faz rapapés a Bolsonaro, mas sabe que ele será pedra no sapato
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Valdemar Costa Neto fez rapapés mil para Jair Bolsonaro.
Ao anunciar que o ainda mandatário será o presidente de honra do seu partido, o PL, o cacique chamou Bolsonaro de "comandante do partido", disse que ele é "um cabo eleitoral de 58 milhões de votos" e desde já o candidato da sigla para a Presidência em 2026.
"Se o capitão der a ordem, nós vamos fazer", afirmou.
Foi uma frase gentil.
Como presidente de honra do PL, Bolsonaro e sua turma serão em breve a maior pedra no sapato de Valdemar em sua inevitável caminhada na direção de uma aproximação com o PT.
Por ora, no entanto, interessa ao cacique evitar melindrar o presidente e sua bancada — os mais de cinquenta deputados bolsonaristas que o ex-capitão levou para as fileiras do PL.
O suposto não reconhecimento do resultado da eleição "até a chegada do relatório do Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas" foi a maior concessão de Valdemar ao ainda presidente — contestar a votação que elegeu Lula, governadores e deputados, inclusive os 99 do PL, nunca passou pela cabeça do cacique.
No discurso de hoje, Valdemar Costa Neto deu a César o que é de César: reconheceu que o PL não atingiria a atual dimensão não fosse por Bolsonaro e mostrou-se grato ao presidente, que, segundo ele, "glorificou" o partido com a sua chegada.
Bolsonaro, porém, como bem sabe Valdemar, não é nenhum funcionário modelo.
Capitão indisciplinado, deputado idem e presidente ibidem, nunca se mostrou afeito ao trabalho duro —durante o seu mandato, trabalhou, em média, 4,8 horas por dia, segundo estudo baseado na agenda presidencial divulgado em abril pelo Congresso em Foco.
Tampouco pode-se dizer do ex-capitão que tenha espírito agregador. Como deputado, integrou onze legendas, brigou com pelo menos três e implodiu a última pela qual passou, o PSL.
Além disso, investigado no STF e no TSE, o novo funcionário do PL tem boas chances de estar inapto para a disputa de 2026 — e não por outro motivo, Valdemar já namora Romeu Zema, que quer trazer do Novo para a sua legenda. Bolsonaro pode ser o "comandante" e o "capitão", mas no PL, Valdemar será sempre o patrão.
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