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Thaís Oyama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bolsonaristas recolhem suas faixas: hora de voltar pra casa

Manifestação bolsonarista em Florianópolis, Santa Catarina: hora de desmobilizar                             -                                 ANDERSON COELHO / AFP
Manifestação bolsonarista em Florianópolis, Santa Catarina: hora de desmobilizar Imagem: ANDERSON COELHO / AFP

Colunista do UOL

10/11/2022 12h04

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Foi o chororô dos derrotados.

Assim um integrante do PL descreveu a reunião da bancada do partido realizada ontem à noite com a presença de cerca de cinquenta deputados, a maior parte bolsonarista.

Quando a reunião começou, por volta de 18h30, o teor do relatório do Ministério da Defesa com o resultado da fiscalização das urnas já era conhecido.

Nem a ambiguidade do texto — que a despeito de não apontar a ocorrência de fraudes esforçou-se para não excluir a sua possibilidade teórica— foi suficiente para acender ânimos golpistas entre os parlamentares.

Tirando um ou outro murmúrio de que ainda seria preciso ler o documento com calma, o clima era de lamento resignado. A maioria dos deputados, incluindo o incendiário Zé Trovão, defendeu que a hora era de "seguir em frente" e preocupar-se, a partir de agora, com a união da bancada (para que "não tenha o mesmo fim do PSL") e com a questão bem mais prática da derrubada de perfis de parlamentares nas redes sociais pela Justiça. "Morreu, ninguém mais vai falar desse negócio de urna e de eleição", resumiu um integrante da cúpula do PL.

Até ontem, ministros do STF e mesmo aliados de Jair Bolsonaro receavam que, divulgado o relatório da Defesa, o presidente pudesse usar uma eventual mobilização de seus apoiadores para "se colocar no jogo de novo".

À exceção de umas poucas tentativas de esperneio negacionista, não se viu qualquer mobilização digna de nota no país. O presidente permanece calado no Palácio da Alvorada e a transição segue de vento em popa.

Mesmo Carlos Bolsonaro deu mostras de ter jogado a toalha. O filho do presidente, e seu coordenador nas redes durante a campanha eleitoral, usou o Twitter para, numa postagem fora de seus padrões, falar de assuntos administrativos do Rio de Janeiro. Carlos Bolsonaro é vereador pelo município.

Não há mais bloqueios nas rodovias federais e os poucos bolsonaristas que permanecem em frente aos quartéis militares devem começar agora a voltar para casa. Lá, poderão continuar usando suas camisetas verde e amarela, já que a Copa do Mundo começa daqui a dez dias e a vida segue.