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Marinha resiste a Lula e prepara solução própria para passagem de comando
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O Exército fará a cerimônia de transmissão de cargo do seu atual comandante na sexta-feira, dois dias antes da posse de Lula.
A antecipação da cerimônia é conveniente para o novo governo, que, diante dos episódios de violência em Brasília, prefere ter na liderança do Exército o nome escolhido pelo presidente eleito, o general Júlio César Arruda.
Mas a medida também atende ao desejo da Força e de seu comandante, Marco Antônio Freire Gomes, que —assim como seus colegas da Marinha, Almir Garnier Santos, e da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior— já havia manifestado nos bastidores seu desagrado em "submeter-se" ao petista. Tradicionalmente, nas cerimônias de transmissão de cargo das Forças Armadas, o presidente da República recebe honras de chefe de estado.
Já na Aeronáutica, o comandante Carlos de Almeida Baptista Júnior, aparentemente, aceitou passar o bastão já sob o novo governo. A cerimônia de passagem de comando da Força está marcada para o dia 2 de janeiro e deve ocorrer nos moldes tradicionais. Embora seja presidida pelo ministro da Defesa, o presidente da República é necessariamente convidado para o evento.
A Marinha, porém, prepara uma solução própria para a troca de comando.
O atual chefe da Força, o almirante de esquadra Garnier — único a recusar o convite para reunir-se com o futuro ministro da Defesa, José Múcio, como mostrou reportagem de hoje da Folha— está decidido a manter a decisão de não prestar continência a Lula.
Para isso, usará uma saída, ainda não divulgada, que pretende ser um "forte gesto" com a intenção de mostrar o desagrado do militar diante da ascensão do petista, que ele reputa um "descondenado". A oficialização da troca de comando na Marinha está marcada para o dia 5 de janeiro.
A resistência dos comandantes das Forças Armadas a Lula, porém, independe da relação dos militares com Jair Bolsonaro.
No Exército, por exemplo, o ainda presidente tem sido criticado cada vez mais abertamente por generais da reserva e da ativa.
A principal causa da insatisfação dos fardados para com o ex-capitão é a convicção de que, ao silenciar diante dos pedidos de golpe feitos por manifestantes que se aglomeram em torno dos quartéis, Bolsonaro transfere para os militares o ônus da "inação" e a responsabilidade por qualquer iniciativa, golpista ou não.
Oficiais do Exército reclamam de estar recebendo cobranças inclusive de parentes apoiadores de Bolsonaro para "fazerem alguma coisa".
Ontem, o futuro ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, disse que articula uma saída "pactuada" para, até o dia da posse, esvaziar os acampamentos em frente ao quartel-general do Exército em Brasília.
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