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Generais: Lula "queima pontes" ao falar que "perdeu confiança" em militares
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As falas de ontem do presidente Lula sobre as Forças Armadas aumentaram a tensão entre o governo e os militares.
Generais ouvidos pela coluna consideraram que o presidente optou por hostilizar a categoria ao expressar publicamente sua desconfiança em relação às Forças.
Em café da manhã com jornalistas, Lula disse suspeitar da conivência de "muita gente" da Polícia Militar e das Forças Armadas na invasão ao Palácio do Planalto.
"Eu estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar porque não tem porta quebrada".
A fala do presidente sobre o motivo pelo qual ele descartou a decretação de uma operação de Garantia de Lei e da Ordem (GLO) —"o Lula deixa de ser governo para que algum general assuma o governo"— também foi vista por militares como uma manifestação de desconfiança do presidente em relação ao Exército.
A pior declaração de Lula, porém, na visão de generais, foi a que o presidente deu ao Estadão depois do café da manhã com jornalistas. Nela, Lula justificou o motivo pelo qual decidiu trocar seus ajudantes de ordem militares por civis. "Eu perdi a confiança, simplesmente. Na hora que eu recuperar a confiança, eu volto à normalidade", afirmou.
Para um influente general da reserva com passagem pelo governo federal, ao dizer que perdeu a confiança nos militares, Lula "queimou o que sobrava da ponte [que o ligava à categoria]", disse. O general afirmou ainda que as declarações de Lula representam um "ataque" do qual os militares não podem se defender. "O presidente sabe que ninguém vai cometer a indisciplina de pegar o microfone para contestar o que ele disse", afirmou o militar.
Outro general, este da ativa, disse considerar que Lula "usa as Forças Armadas para se eximir de responsabilidades, da mesma forma como fez Bolsonaro". Para o general, o ex-presidente Jair Bolsonaro, em suas tentativas de permanecer no poder, pretendeu "arrastar os militares para o jogo político".
Lula, agora, estaria tentando "jogar no colo" dos militares a culpa pelo fracasso do governo em evitar a invasão dos golpistas à Praça dos Três Poderes.
Ontem, antes das declarações de Lula sobre os militares virem a público, um ex-ministro da Defesa havia expressado à coluna sua preocupação com o que chamou de "processo de radicalização" do discurso do presidente em relação às Forças Armadas.
O ex-ministro se referia à fala de Lula feita na segunda-feira em frente ao edifício do Supremo Tribunal Federal. Nele, o presidente declarou que "nenhum general se moveu" para evitar que bolsonaristas reivindicassem um golpe militar diante dos quartéis.
"Não é o momento para isso", afirmou o ex-ministro, um dos participantes da reunião virtual ocorrida ontem entre o senador Jaques Wagner (PT) e quatro outros ex-ministros da Defesa.
A reunião, e sua divulgação para a imprensa, foi uma forma de os ex-ministros trabalharem pela manutenção no cargo do atual ministro da Defesa, José Múcio, cuja cabeça vinha sendo pedida por uma ala de integrantes do PT. Na fala de ontem aos jornalistas, Lula afirmou que Múcio permanece no governo.
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