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Valdemar para bolsonaristas: alvo é governo, não Moraes
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O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, pretende usar a próxima reunião da bancada do seu partido, marcada para a semana que vem, para convencer a ala bolsonarista a "virar a chave" de seus ataques: no lugar de mirar o Judiciário, dirá o cacique, a hora é de voltar as baterias para o governo petista, o real adversário do PL nas eleições municipais de 2024 e nas presidenciais de 2026.
Com a ordem de voltar as baterias para o governo Lula -- de quem, na verdade, Valdemar nunca se distanciou de fato-- o dirigente do PL pretende oferecer suficiente atividade para os bolsonaristas esquecerem, ao menos momentaneamente, as suas investidas contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, nas mãos de quem hoje se encontra a chave do cofre do PL. O ministro determinou o bloqueio de verbas partidárias e contas do partido em novembro do ano passado, quando a sigla pela qual o ex-presidente Jair Bolsonaro concorreu nas eleições pediu a revisão dos resultados do segundo turno.
Valdemar tem ainda um outro motivo para querer distensionar sua relação com Moraes. O presidente do PL receia ser incluído pelo ministro na chamada "turma do golpe", da qual fazem parte Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, e o próprio Jair Bolsonaro. Anteontem, o ex-presidente teve negado o seu pedido de exclusão da chamada "minuta golpista", encontrada na casa de Torres, da investigação que corre contra ele no Tribunal Superior Eleitoral. Na semana passada, Valdemar foi chamado a prestar depoimento na Polícia Federal para esclarecer a declaração, dada por ele em entrevista, de que documentos como o encontrado com Anderson Torres "tinha na casa de todo mundo".
Aliados do cacique afirmam que uma ala de bolsonaristas do partido, que inclui deputados como Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer, já concordaram com as diretrizes propostas por ele. Outros parlamentares, porém, como Ricardo Salles, Bia Kicis e Carla Zambelli devem resistir a tirar a pressão do PL sobre o Judiciário.
A liberação de parte do dinheiro do PL é vital para o partido viabilizar a atuação política da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Valdemar quer organizar os diretórios do PL Mulher nos estados para que Michelle comece a visitá-los, mobilizando eleitores evangélicos e do sexo feminino, dois segmentos em que a ex-primeira-dama tem boa penetração. O general Braga Netto é o encarregado da logística da montagem do circuito, mas a estrutura de pessoal é considerada ainda precária.
O PL trabalha com a hipótese de Bolsonaro ser tornado inelegível em breve. Nesse caso, Michelle seria, nas palavras de um integrante da sigla, o "coringa" capaz de ajudar o partido de Valdemar a alcançar seu sonho imediato de triplicar o número de prefeituras que tem no país. Antes disso, porém, o cacique terá de apaziguar a sua tribo e convencer bolsonaristas e valdemaristas a falarem a mesma língua.
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