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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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Bolsonaristas já avaliam "substituto" de Bolsonaro em caso de veto do TSE

O ex-presidente Jair Bolsonaro: a um passo de virar cabo eleitoral  - Marco Bello/Reuters
O ex-presidente Jair Bolsonaro: a um passo de virar cabo eleitoral Imagem: Marco Bello/Reuters

Colunista do UOL

13/04/2023 12h27

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No PL, a discussão já está na mesa.

Quem herdará o espólio de Jair Bolsonaro caso o ex-presidente se torne inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral?

Hoje, o único consenso no partido é de que os candidatos com o sobrenome do ex-capitão estão, ao menos oficialmente, fora da competição.

No almoço que teve com Valdemar Costa Neto na semana retrasada, Jair Bolsonaro disse, direta e explicitamente, ao presidente do PL que Michelle Bolsonaro "não quer ser política" (virando-se para a mulher, completou: "Não é, amor?". Michelle assentiu e Valdemar entendeu o recado).

Eduardo Bolsonaro, deputado federal, foi descartado pelo pai até mesmo para uma vaga de candidato a prefeito; e Flavio, senador notabilizado pelo escândalo da rachadinha, tem um passivo alto demais para sonhar com a possibilidade.

Fora do clã, o nome mais citado por aliados é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Hoje, porém, duas circunstâncias diminuem as chances de o ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro herdar o seu bastão.

A primeira é que o governador se encontra sob ataque de bolsonaristas raiz, que o acusam de ter sido eleito pelo ex-presidente e agora governar com seus inimigos.

A segunda são os seus próprios desejos.

Tarcísio repete a interlocutores que está mais interessado em disputar um segundo mandato no estado em 2026 do que em se aventurar numa candidatura à Presidência — interesse compartilhado por Gilberto Kassab, seu secretário de governo e estrategista político.

O governador de Minas, Romeu Zema, outro nome presente nas listas de potenciais sucessores de Bolsonaro, está, nas palavras de um interlocutor recente, "fingindo-se de morto".

A amigos, o político do Novo diz que não pretende antecipar o fim do seu governo — algo que, pensa, ocorreria caso começasse a se movimentar desde já no cenário nacional.

O general Braga Netto, escolhido em 2022 por Bolsonaro para ser seu candidato a vice, teria a simpatia do ex-presidente mas pouca viabilidade eleitoral, na opinião de estrategistas do bolsonarismo. Nas palavras de um deles, "militares estão em baixa" e a "direita está furiosa com eles" desde que teve seus pleitos golpistas frustrados no 8 de janeiro.

Menos lembrado, mas não fora do radar do PL, está o nome do senador Rogério Marinho. Visto por bolsonaristas como "pouco empolgante" e contido, o ex-ministro do Desenvolvimento Regional de Bolsonaro, e recente contendor de Rodrigo Pacheco (PSD) na disputa pela presidência do Senado, tem as vantagens de ser um visto como um político experiente e também leal a Bolsonaro, além de ser do Rio Grande do Norte — o Nordeste é o ponto fraco do bolsonarismo.

O fato de vir do Legislativo é visto como outro ativo, já que, ao contrário de Tarcísio, ocupante de cargo executivo, Marinho não teria impedimentos para se lançar numa campanha eleitoral e sair de mãos dadas com Bolsonaro pelo Brasil.

O julgamento do ex-presidente no TSE deve ocorrer nas próximas semanas e mesmo aliados admitem que são muito maiores as chances de Bolsonaro sair dele como disputado cabo eleitoral do que como potencial candidato em 2026.

Será um resultado que afetará muito mais Bolsonaro que o bolsonarismo. Este precisa menos do ex-capitão do que o PT precisa de Lula. No fla x flu ideológico que se consolidou no Brasil, Bolsonaro sempre foi o sintoma, não a causa.

Desta, outro se apropriará.