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A briga de Arthur Lira para não virar um piano de cauda
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Arthur Lira só pensa nas "coisas".
O presidente da Câmara — que já havia afirmado que a relação com o governo Lula não é de "satisfação boa" e que deputados querem emendas, não ministérios— ontem reclamou que falta "fluidez" para "as coisas" acontecerem.
Que o governo está muito "internalizado no PT" e que, a continuar assim, "as coisas" não irão andar.
Arthur Lira está irritado com o presidente Lula porque o governo não está fazendo fluir no ritmo que ele deseja os R$ 9 bilhões em emendas herdadas do orçamento secreto — as "coisas" com as quais ele conta para manter azeitados os seus mecanismos de poder na Câmara. Está irritado também porque seu almejado ministério, o da Saúde, não saiu e tem poucas chances de sair.
O governo sabe que um presidente da Câmara de mau-humor pode lhe criar grandes problemas, mais ainda quando não se tem uma base própria.
Lira, por seu lado, sabe que a campanha pela eleição do novo presidente da Câmara começou no minuto que ele assumiu a cadeira — cadeira que em 2025 não mais poderá pleitear.
De mais seguro, ou nem tanto, ele terá a sua Alagoas quando deixar o cargo, mas ainda assim será obrigado a enfrentar lá a rivalidade de Renan Calheiros — seu arqui-inimigo com mandato de até 2027, cujo filho encabeça o poderoso Ministério dos Transportes, e que pode em breve integrar uma CPMI de alta visibilidade, a do 8 de janeiro.
Por isso Lira tem pressa e cobra em voz alta "as coisas" de que precisa para não virar um piano de cauda, daqueles que ninguém sabe onde colocar depois que perde a função.
A política é sempre municipal e o Congresso só não se move por pequenos interesses quando o grande capital é o seu propulsor. Arthur Lira é o motor do Congresso e são os seus pequenos interesses que hoje fazem o Congresso girar.
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