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"Meu patrimônio veio de vida empresarial", diz ministro Alexandre Silveira
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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), afirmou ao UOL que seus bens e ativos foram adquiridos ao longo de "mais de 30 anos de empreendedorismo" em Minas Gerais, seu estado de origem, e na Bahia.
Segundo o ministro, é um período de contato com "mais de 500 clientes adquirentes de imóveis e sempre atuando no ramo comercial de forma exclusivamente privada".
Silveira afirma que, quando ingressou no serviço público em 1998, após ser aprovado no concurso para delegado de polícia, seu patrimônio já era de 44 imóveis.
Ele enviou à reportagem uma relação de terrenos, lotes e apartamentos avaliados, na época, em R$ 1,04 milhão (R$ 4,7 milhões, em valores corrigidos).
"Meu patrimônio atual se deu através da evolução dos bens imóveis e veículos declarados na minha pasta funcional de delegado de polícia no ano de 1998", afirmou.
A reportagem verificou que, em 2006, ano de sua entrada na vida político-partidária, a maior parte desses imóveis estava vendida. Naquele ano, Silveira declarou ao TSE um patrimônio de R$ 950 mil (ou R$ 2,6 milhões, em valores atualizados pelo IPCA).
"Não possuo nenhum bem oculto, ou seja, que não esteja declarado perante a Receita Federal do Brasil. Todos os imóveis que são propriedades das empresas estão declarados em nome das mesmas perante a Receita Federal do Brasil. Já todos os imóveis que estão em meu nome, Alexandre Silveira de Oliveira, também estão declarados no meu Imposto de Renda", afirmou.
Metodologia
O político disse discordar da metodologia empregada pela reportagem, que considerou valores registrados em cartórios, anúncios publicitários e a avaliação de prefeituras, além da atualização baseada em operações recentes de venda, quando possível. O detalhamento pode ser lido aqui.
"Os valores que constam dos anúncios publicitários são valores que durante a negociação com o cliente sofrem redução em pedidos de descontos", argumentou.
"Além dos descontos, todas as empresas têm seu custo operacional, tais como custo da incorporação, impostos, funcionários, comissão de corretagem, publicidade, entre outros. Assim, o valor de venda não traduz o recebimento de lucro líquido", concluiu.
O ministro também não concorda com o uso dos valores atribuídos pelo fisco municipal nem cartórios de registro. Para ele, "não representam o valor real do imóvel".
O ministro lembrou que parte dos imóveis vendidos por suas firmas são financiados em até 120 vezes e permanecem em nome das empresas no cartório de registro de imóveis "até a quitação total do preço".
O UOL pediu ao ministro que encaminhasse contratos de venda dos imóveis que seguem em nome de suas empresas.
"A informação solicitada está coberta por sigilo fiscal e proteção de dados pessoais dos compradores, assim impossibilita o seu compartilhamento", escreveu em uma primeira mensagem.
Apesar da afirmativa do ministro, a reportagem verificou que parte das operações de venda de imóveis a prazo foram registradas pelas suas empresas em cartório de imóveis antes do pagamento final.
Ainda assim, a reportagem optou por retirar do levantamento bens que estão em nome das empresas do ministro mas que apresentam copropriedade de terceiros em cadastros municipais.
Retirou também imóveis que o ministro afirmou ao UOL terem sido vendidos, apesar de constarem como propriedade de suas empresas em todos os registros oficiais.
Os imóveis nos dois casos mencionados somam pelo menos R$ 27,5 milhões.
O empreendedor
O UOL perguntou ao ministro por que, após a entrada na política, ele omitiu que manteve a vida empresarial, especialmente em declarações públicas.
Em um primeiro momento, ele encaminhou dois links de vídeos sobre sua trajetória que não fazem menção ao tema.
Novamente questionado, enviou um terceiro link de sua rede social, em que faz referência à atuação como pequeno empreendedor imobiliário no início de sua vida profissional, antes de entrar para a vida pública.
Mais uma vez questionado, ele respondeu:
"Sempre tive orgulho da minha trajetória empresarial, principalmente pelos empregos gerados e dos mais de 500 clientes satisfeitos com os imóveis adquiridos. Assim, sempre destaquei nos discursos, debates e entrevistas sobre a minha vida empresarial".
Nenhum registro do que ele afirma foi enviado à reportagem.
Segundo o ministro, o site Wikipedia menciona que ele iniciou sua vida profissional atuando no ramo da construção civil.
Silveira afirma ter se dedicado "integralmente à atividade empresarial entre 2015 e 2022", época em que era 1º suplente do senador Antonio Anastasia (PSDB).
Registros dos cartórios de imóveis mostram que o período mais vigoroso de construções e registros de loteamentos de suas empresas ocorreu entre 2010 e 2015.
Diferentemente do que diz o ministro, após deixar a Câmara dos Deputados em 2015, ele voltou ao cargo de delegado de polícia.
Após a eleição do aliado Rodrigo Pacheco (PSD) para a presidência do Senado, ele foi nomeado diretor jurídico da Casa, em fevereiro de 2021. No início de 2022, assumiu o mandato de senador, quando o titular Anastasia foi nomeado ministro do (TCU) Tribunal de Contas da União.
Silveira conciliou este período, ainda, com cargos na direção estadual do PSD mineiro.
No curso da apuração desta reportagem, o UOL procurou o ministro em seis ocasiões. Na primeira, em 22 de maio, a reportagem informou a Silveira pessoalmente, após um evento em São Paulo, que estava fazendo uma apuração sobre a evolução de seu patrimônio.
As outras cinco foram por e-mail, entre 31 de maio e 23 de junho, quando a reportagem apresentou pedidos de esclarecimentos sobre os imóveis em nome das empresas controladas por ele e recebeu respostas do ministro.
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