Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Carta pela Democracia sufoca o golpismo de Bolsonaro
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Sólon, estadista e poeta grego falecido em 560 a.C., implantou a democracia em Atenas, cidade-estado da Grécia.
Mas, tudo foi para os ares quando Pisístrato, um mentiroso histórico, instalou a tirania, com a esposa e os filhos Hípias e Hiparco à reboque.
Neste 11 de agosto, a democracia brasileira ainda está de pé, mas o presidente Bolsonaro dá sinais de querer destruí-la e, pelas suas falas diárias, parece estar em preparação, para o próximo 7 de setembro, um golpe de Estado.
Daí a importância do ato público de leitura da chamada Carta pela Democracia, que defende o Estado de Direito.
A Carta representa, também, um alerta às consciências e servirá como prevenção ao golpismo em gestação.
A data, 11 de agosto, é simbólica. Comemora-se a instalação, em 1827, dos cursos jurídicos no Brasil. Cursos onde se ensina a importância do Estado de Direito, o respeito à Constituição e se difunde a cultura de legalidade democrática.
Outro dado importante. A leitura dessa Carta em defesa do Estado de Direito será na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, na velha e sempre nova academia, como a definia o professor Goffredo da Silva Telles Júnior.
A Faculdade de Direito do Largo de São Francisco sempre albergou movimentos democráticos e republicanos. Foi sempre a cidadela protetora das lutas contra as ditaduras.
Nas sombras das suas arcadas repousam as memórias de espíritos libertários como Castro Alves e Luiz Gama. E ela teve o primeiro catedrático negro, professor Eduardo D´Avila Mello.
Vale lembrar, a reação que de lá partiu em agosto de 1977, quando do recrudescimento da ditadura militar, com torturas e mortes: assassinato de Wladimir Herzog (1975) e, —-três meses depois—, o de Manuel Fiel Filho (1976).
Os seus professores, alunos e ex-alunos reagiram. Elaboraram e foi lida —em 8 de agosto de 1977 e pelo professor Goffredo— a Carta aos Brasileiros. Uma carta pela volta à democracia.
Hoje, no Largo de São Francisco, a leitura não será pela volta à democracia, mas pela defesa da nossa ameaçada Constituição democrática de 88.
Na Grécia, o povo espontaneamente reagiu contra a tirania. Derrubou o filho que sucedeu Pisístrato. E coube a Clistene, com o seu Conselho popular dos 500, a reimplantação do sistema político onde é o povo (demos) que tem o poder (kratus) e comanda.
O aperfeiçoamento democrático ateniense ficou por conta de Péricles, que a historiadora Claude Mossé - a maior especialista em Grécia Antiga e professora emérita da Universidade Paris VIII-, chama de inventor da democracia.
Até o momento tivemos 850 mil adesões à Carta, chamada de "cartinha" por Bolsonaro. Na verdade, Bolsonaro não esperava a força dessa oportuna Carta.
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