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Jefferson virou leproso bíblico de Bolsonaro; ministro da Justiça errou
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Parecia tudo nos conformes para proveito político do presidente Jair Bolsonaro (PL). Deu errado.
Só não estava no script bolsonarista a reação aloprada de Roberto Jefferson, isto em receber agentes da Polícia Federal a bala e com explosões de duas granadas.
A princípio, calçava como luva a decretação, pelo ministro Alexandre de Moraes, da prisão em regime fechado do aliado bolsonarista Roberto Jefferson, criminoso com trânsito em julgado.
Como se sabe, Moraes —por ser presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)— é atacado e dado como apoiador da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), opoente de Bolsonaro em segundo turno eleitoral.
Antes de Moraes, os alvos de Bolsonaro eram os ex-presidentes do STF Roberto Barroso e Edson Fachin.
O pano de fundo com Moraes em destaque seria o ideal para a vitimização e espetacularização, com a desobediência de Jefferson. A desobediência à ordem judicial de prisão por parte do ex-deputado Roberto Jefferson funcionaria como represália ao ministro Alexandre de Moraes.
Quando o plano começou a fazer água, até o ministro da Justiça foi chamado para tentar salvá-lo. Bolsonaro incumbiu o ministro da Justiça a dar uma força a Jefferson e tentar, ilegalmente, controlar a situação. Mas, diante das repercussões negativas, Bolsonaro deu o chamado "cavalo de pau".
À noite e já com Jefferson levado ao cárcere, Bolsonaro detonou o aliado. Nenhuma novidade, pois Bolsonaro, quando perde o interesse, joga o aliado ao mar, como se diz no popular.
Para Bolsonaro —como num passe de mágica—, Jefferson virou o rei Uzias. Aquele rei mencionado no Velho Testamento. O Deus do Velho Testamento puniu Uzias com a lepra, hoje chamada de hanseníase.
Uzias abusou ao queimar incensos e ao executar atos privativos de sacerdotes. Jefferson com abusivos disparos e explosões passou do crime de desobediência ao delito de resistência armada. De quebra, deverá responder por duas tentativas de crime de homicídio qualificado.
Juridicamente, o ministro da Justiça, ou melhor, o Poder Executivo chefiado por Bolsonaro, não tinha que se intrometer. Isso pela razão de a Polícia Federal, no caso, estar a agir como polícia judiciária.
Quando age como polícia judiciária —atenção—, a PF atua como órgão auxiliar do Poder Judiciário.
No cumprimento de ordens judiciais, as polícias, quer federal, quer estaduais, não estão sujeitas às ordens do Executivo. Como consequência, constitucional e legal, o agente em função de polícia judiciária não pode deixar de cumprir os mandados judiciais (ordens judiciais).
Jefferson —na trama adrede preparada - fugiu do controle bolsonarista. Para Bolsonaro, virou leproso.
Num pano rápido. Contam os livros de história antiga que, a partir do século VI a.C, os leprosos eram afastados do convívio social. Jefferson, como um leproso da antiguidade, será afastado de Bolsonaro. Não interessa mais.
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