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Material com foto de Alckmin e suposto líder do PCC é enganoso

Ney Santos e Geraldo Alckmin em 2010 - Arte/UOL
Ney Santos e Geraldo Alckmin em 2010 Imagem: Arte/UOL

Do UOL, em São Paulo

10/08/2018 18h19

Uma foto em que aparecem juntos o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) e o atual prefeito de Embu das Artes (SP), Ney Santos (PRB), está circulando por grupos de WhatsApp com uma inscrição sobre a imagem que diz que o “líder do PCC” e o “líder de São Paulo” são amigos. A imagem é verdadeira, mas não tem relação com a atual campanha, ou seja, está fora de contexto. Além disso, não há indícios de proximidade entre os dois. O material é, portanto, enganoso.

PSDB e PRB estão na mesma coligação em 2018, mas as fotos e vídeos com Alckmin são de 2010 quando o tucano era candidato ao governo de São Paulo, e Ney Santos tentava uma vaga na Câmara dos Deputados, então pelo PSC. Os partidos faziam parte da mesma coligação, o que justificaria a presença de Alckmin naquele evento de campanha.

Ney Santos já foi preso duas vezes -- em 1999, por receptação e formação de quadrilha, e em 2003, por roubo a banco. Foi solto por falta de provas em 2005. Durante a campanha de 2010, chegou a ter a prisão temporária decretada durante uma investigação sobre o rápido crescimento de seu patrimônio e uma possível ligação com a facção criminosa. Em 2016, foi acusado pelo Ministério Público por associação ao tráfico, de integrar organização criminosa e de lavagem de dinheiro. Na época, ele era presidente da Câmara de Vereadores de Embu das Artes e foi considerado foragido.

Eleito prefeito em 2016, assumiu graças a uma liminar do STF e teve o mandato cassado este ano, por suspeita de uso de dinheiro do tráfico de drogas e de doações ilícitas na campanha. A sentença não teve caráter suspensivo, por isso ele continua no cargo.

Há, também, uma montagem em vídeo no YouTube que voltou a circular. A campanha de Geraldo Alckmin já se pronunciou sobre essa alegação. Uma nota no site do candidato diz que quando o vídeo de apoio foi gravado, em 2010, Alckmin desconhecia qualquer denúncia contra Ney Santos e que as notícias que circulam na internet são mentirosas.

Ney Santos está inelegível. Em sua página do Facebook, ele divulgou um vídeo falando sobre acusações recorrentes que são feitas contra ele e podem prejudicar os candidatos que ele apoia para deputado estadual e federal -- o presidente da Câmara de Embu, Hugo Prado, e sua irmã, Ely Santos, respectivamente. Não há menção a Alckmin.

O material foi verificado pelo UOL e outros veículos integrantes do projeto Comprova: “Jornal do Commercio”, “Gazeta do Povo” e “Poder360”.

O Comprova é um projeto integrado por 40 veículos de imprensa brasileiros que descobre, investiga e explica informações suspeitas sobre políticas públicas, eleições presidenciais e a pandemia de covid-19 compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens. Envie sua sugestão de verificação pelo WhatsApp no número 11 97045 4984.