Mulher não entregou a homem na multidão a faca usada em ataque a Bolsonaro
É enganoso o vídeo que sugere que a faca usada no crime contra o candidato a presidente Jair Bolsonaro foi passada por duas pessoas até chegar ao agressor Adélio Bispo de Oliveira. O ataque aconteceu na última quinta-feira (6), em Juiz de Fora (MG).
O vídeo enganoso verificado pelo projeto Comprova circula em redes sociais e aplicativos de mensagens. Publicado em um canal no YouTube chamado Samuca Fernandes, o vídeo sugere que uma mulher de óculos escuros que estava na multidão teria passado a faca para um homem de camiseta branca, que, por sua vez, teria repassado o objeto cortante a Adélio.
No entanto, ao analisar o vídeo, é possível ver que a mulher em questão não passa nenhum objeto cortante para o homem de camiseta branca. Na sequência, é possível ver a mão do homem vazia após cruzar com a mulher. O Comprova fez uma análise do vídeo em ferramentas de edição de imagens como o Watch Frame by Frame.
Ao Comprova, a assessoria da Polícia Federal diz que não comenta investigações em andamento. Por ora, a única pessoa presa e investigada pelo crime é Adélio. Mulheres têm sido acusadas e perseguidas em redes sociais – sem provas – de participarem do atentado, mas nenhum dos supostos nomes apontados como participantes do crime foi divulgado ou confirmado pela polícia.
Adélio está preso e foi indiciado no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional. Se condenado, pode ficar preso de 3 a 10 anos. A pena pode dobrar quando o ataque resulta em lesão corporal grave.
Apenas o vídeo publicado no canal de Samuca Fernandes teve mais de 177 mil visualizações no YouTube. Já no Facebook, esse mesmo vídeo teve mais de 2 mil interações (reações, comentários e compartilhamentos), segundo o CrowdTangle, ferramenta usada pelo Comprova para análise de redes sociais.
O site “Boatos.org” também verificou essa peça de desinformação.
O Comprova é um projeto integrado por 40 veículos de imprensa brasileiros que descobre, investiga e explica informações suspeitas sobre políticas públicas, eleições presidenciais e a pandemia de covid-19 compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens. Envie sua sugestão de verificação pelo WhatsApp no número 11 97045 4984.
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