Luiz Marinho erra dados sobre PT, Petrobras e morte de policiais em SP
Pré-candidato petista ao governo de São Paulo, Luiz Marinho errou ao afirmar que o PT é o maior partido do país e que a polícia de São Paulo é a que mais morre. Ele também tropeçou ao comentar dados sobre refino da Petrobras e volume de água do Sistema Cantareira.
Luiz Marinho participou da sabatina promovida pelo portal UOL, pelo jornal "Folha de S.Paulo" e pelo SBT. O Aos Fatos, em parceria com o UOL, checou as declarações. Confira, abaixo, o que verificamos.
O [PT é o] maior partido do país...
FALSO: É o MDB, e não o PT, o maior partido do Brasil hoje, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Em abril deste ano, último dado disponível, o Partido dos Trabalhadores aparece em segundo lugar, com 1.589.871 eleitores filiados --9,46% do total de votantes--, ante 2.395.172 membros do MDB, o que corresponde a 14,25% do eleitorado do país.
Outro lado: Segundo a assessoria de Marinho, quando falava sobre o tamanho do partido, o pré-candidato se referia ao tamanho da bancada de deputados federais, um dos números utilizados pela legislação para o cálculo de tempo de propaganda em rádio e TV (90% são proporcionais à bancada e 10% são distribuídos igualitariamente entre os candidatos).
Como já dito na checagem, o PT, com 61 deputados, possui a maior bancada de deputados se não considerarmos a bancada do bloco parlamentar PP, Podemos e Avante, que possui 69.
[O PT conta] com a maior preferência partidária do país, 20% do Brasil.
VERDADEIRO: O dado citado pelo pré-candidato corrobora o resultado da mais recente pesquisa Datafolha, realizada entre 11 e 13 de abril, em que 20% dos entrevistados manifestaram simpatia pelo PT.
O MDB aparece em segundo lugar, com 4% das citações, e é seguido por PSDB (3%), PDT e PSOL (1% cada um). A margem de erro deste levantamento foi de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Na mesma pesquisa, 62% revelaram não ter nenhuma preferência partidária.
É importante ressaltar que essa é a maior preferência do PT desde a queda da ex-presidente Dilma Rousseff (em dezembro de 2016, só 9% dos eleitores tinham simpatia pelo partido) e que o valor ainda é menor do que o apontado em fevereiro de 2010, de 24%, o maior registrado pela pesquisa.
[O PT tem] a maior bancada federal.
IMPRECISO: Hoje, na Câmara dos Deputados, o bloco parlamentar que reúne PP, Podemos e Avante é a maior bancada da Casa, com 69 deputados federais. O PT aparece em segundo lugar, com 61 representantes.
Desconsiderados os blocos parlamentares, o PT torna-se a maior bancada, como sustenta Luiz Marinho.
Outro lado: A assessoria de Luiz Marinho ainda não comentou a checagem desta declaração.
A Petrobras hoje tomou a decisão de diminuir o refino de petróleo no Brasil
FALSO: A Petrobras reduziu o refino de petróleo nas refinarias desde 2015, ainda no governo Dilma, durante a transição da presidência da estatal de Graça Foster, que saiu em fevereiro de 2015, para Aldemir Bendine, que ficou até maio de 2016. Hoje a empresa é presidida por Pedro Parente.
Em 2014, a Petrobras processava 121,3 milhões de m³, valor que recuou para 114,1 milhões de m³ em 2015, caindo em 2016 para 105,2 milhões de m³ e chegando a 99,7 milhões m³ em 2017, de acordo com dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
Se olharmos o resultado de 2018, até março, o refino de petróleo mantém a trajetória de queda de 7,34% em relação ao mesmo período de 2017.
Além da queda no refino do petróleo, a Petrobras reduziu a produção de combustíveis de petróleo em suas refinarias também a partir de 2015.
Em 2014, as refinarias da estatal produziram 107,8 milhões de m³ de combustíveis, número que recuou para 101,7 milhões de m³ em 2015, ficou em 95,3 milhões de m³ e alcançou 90,9 milhões de m³ em 2017.
No primeiro trimestre, a produção de combustíveis nas refinarias da Petrobras recuou 8,23%, na comparação com o mesmo período de 2017.
A diminuição da produção nas refinarias ocorreu em um momento de queda do consumo interno. Especificamente no setor de combustíveis, o volume de venda no país acumulou queda de 6% de 2014 a 2017.
Outro lado: Luiz Marinho defende que a variação do último ano do governo Dilma "deve ser tratada como sazonal. Diferente da redução sob a gestão MDB/tucanos".
Também diz que se referia à decisão de compensar o não refino com importações: "O refino de combustíveis diminuiu no governo Dilma, mas não foi compensado pelo aumento de importações, como vem ocorrendo desde 2016".
A trajetória das importações de combustíveis é crescente desde 2002, quando a mudança na legislação acabou com o monopólio da Petrobras para importar petróleo e derivados.
A polícia de São Paulo é a que mais morre nos confrontos.
FALSO: Segundo dados divulgados no último Anuário de Segurança Pública no Brasil, relativos ao ano de 2016, o estado que teve o maior número de mortes absolutas de policiais civis e militares foi o Rio de Janeiro.
Com uma taxa de 2,3 mortes por cada mil policiais na ativa o Rio lidera o ranking, seguido por Roraima e Ceará. O estado de São Paulo é o 14º com mais policiais mortos em confronto, com uma taxa de 0,7 morte a cada mil policiais na ativa. Esses dados são relativos a mortes de policiais civis e militares, em confrontos em serviço ou em confronto ou por lesão não natural fora de serviço.
Ainda de acordo com os dados do anuário, a Polícia Civil de São Paulo é a que registrou maior número de mortes absolutas entre as polícias civis do país.
Em número de mortes absolutas, o Rio de Janeiro registrou 132 mortes de policiais em geral, enquanto São Paulo registrou 80 policiais mortos em confronto em 2016, o segundo maior número de mortes absolutas.
Já o levantamento do Monitor de Violência, realizado em maio deste ano pelo G1, mostra que as posições dos estados no ranking permanecem, porém, com números mais recentes.
O Rio de Janeiro lidera com 119 mortes de policiais em 2017, contra 60 em São Paulo. Os dados foram coletados nas Secretarias de Segurança Pública dos estados e só existem em números absolutos, somando as polícias Civil e Militar.
Outro lado: Com relação ao dado de homicídios, a assessoria de imprensa informou, por meio de nota que, Marinho falava "em relação à proporção de ações x letalidade". O Aos Fatos não encontrou nenhum levantamento com índice de morte de policiais por ação executada. Questionamos a assessoria de imprensa do candidato sobre a fonte desse índice, mas até o momento não houve resposta.
O reservatório do [Sistema] Cantareira, neste momento, está abaixo do que esteve quando iniciou a crise [hídrica] em 2015.
FALSO: O pré-candidato começa o raciocínio dizendo que "estamos de novo entrando no período de grave crise". "Nós podemos repetir a mesma crise que tivemos em 2014 e 2015."
A crise hídrica de São Paulo começou em 2014, a partir de quando foram observadas as mais baixas afluências ao Cantareira. Provavelmente, ele se confundiu em relação ao ano.
Hoje, segundo o boletim diário das condições dos mananciais publicados pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), o Sistema Cantareira está com 46,7% de índice armazenado.
Como Marinho disse que o volume atual está "abaixo do que esteve quando iniciou a crise", levamos em consideração o começo de 2014. No dia 1º de janeiro daquele ano, o mesmo índice estava em 27,2%, bem abaixo do atual.
Já se levarmos em consideração a mesma época do ano (28 de maio), o sistema estava com seu armazenamento calculado em 25,3% em 2014. Vale destacar que, em 16 de maio daquele ano, a primeira reserva técnica já tinha entrado em operação para aumentar o volume útil do sistema, que tinha chegado a 8,2% no dia 15 de maio.
Outro lado: Segundo a assessoria de imprensa de Marinho, o candidato referia a 2013 como início da crise, pois foi "quando surgiram os primeiros alertas de crise hídrica" e "o volume de água do sistema era de 61,5% de sua capacidade de armazenamento".
Se você observar, tem apenas 13% das escolas estaduais com verdadeiras bibliotecas
FALSO: Segundo dados do Censo Escolar Inep 2017, apenas 594 (cerca de 10%) das 5.832 escolas estaduais do estado de São Paulo possuem biblioteca.
No Brasil, cerca de 60% das escolas estaduais possuem essa infraestrutura, o que representa 18.362 escolas.
O número pula para 2.638 escolas (cerca de 14%) quando se leva em conta todas as escolas públicas paulistas --municipais, estaduais e federais.
Em relação aos dados do país inteiro, cerca de 31% das escolas públicas brasileiras possuem bibliotecas.
Outro lado: A assessoria de imprensa informou, por nota, que os dados usados pelo candidato se referem aos dados do Censo Escolar de 2015 --dados com dois anos de defasagem-- e "a quantidade de bibliotecas nas escolas estaduais de ensino médio".
Os dados do Censo Escolar de 2015, no entanto, indicam que apenas 8% das escolas de ensino médio estaduais paulistas tinham bibliotecas. Ainda segundo a nota da assessoria, "no quadro geral, como o próprio levantamento feito por vocês pode comprovar, a situação é ainda mais grave".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.