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Alvo de Bolsonaro, Noruega subiu quota de caça a baleias e explora petróleo

Arte UOL sobre foto de Halldor Kolbeins/AFP
Imagem: Arte UOL sobre foto de Halldor Kolbeins/AFP

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL, de São Paulo

23/08/2019 04h01Atualizada em 26/08/2019 12h47

Em reação à suspensão de repasses para o Fundo Amazônia pela Noruega, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) perguntou se o país em questão não é aquele que "mata baleias e explora petróleo". Além disso, sugeriu ainda que o país escandinavo usasse o dinheiro para reflorestar a Alemanha.

"A Noruega não é aquela que mata baleia lá em cima, no Polo Norte, não? Que explora petróleo também lá? Não tem nada a oferecer para nós. Pega a grana e ajuda a [chanceler alemã] Angela Merkel a reflorestar a Alemanha", declarou o presidente no último dia 15.

A fala segue a mesma linha do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que, uma semana antes, já havia questionado as intenções do país europeu com o meio ambiente.

"A Noruega é o pais que explora petróleo no Ártico, eles caçam baleia. E colocam no Brasil essa carga toda, distorcendo a questão ambiental", declarou o ministro no dia 7 de agosto.

Caça de baleias é permitida na Noruega e país aumentou a quota em 2018

A Noruega é um dos três únicos países do mundo que ainda permitem a caça de baleias, junto à Islândia e ao Japão. O país escandinavo tem sido campeão nos últimos anos, além de ter aumentado a quota de mortes no ano passado.

Em abril de 2018, o governo norueguês aumentou o número máximo de caça oficial em 28%, para 1278 por temporada. Apesar de ter sofrido duras críticas internacionais, o ministro da Pesca do país, Per Sandberg, argumentou que o número dos mamíferos aquáticos tem crescido nas áreas permitidas.

Apesar do aumento, a quota não tem sido atingida nos últimos anos. De acordo com Sandberg, em 2015 foram mortas 660 durante os meses de temporada de pesca. Em 2017, quando a quota era de 999 baleias, o número caiu para 432.

Nos dois primeiros meses da temporada deste ano (abril e maio), já haviam sido mortas 98 baleias oficialmente, de acordo com dados da ONG Keiko Conservation, voltada à preservação dos animais. Segundo os últimos números oficiais, de 2017, há 11 navios baleeiros no país.

A principal espécie caçada é a baleia-de-minke (ou baleia-anã), muito comum nas águas do Atlântico Norte, onde ficam Noruega e Islândia. Sua carne é vendida normalmente nos mercados dos países.

15º maior produtor de petróleo do mundo

Também é verdade que a Noruega é uma grande produtora de petróleo. De acordo com o IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o país escandinavo é hoje o 15º maior produtor do planeta, com uma média de 1,8 milhão bpd (barris por dia) em 2018.

A Noruega está cinco posições atrás do Brasil, que aparece em décimo lugar, com uma produção média de 2,6 milhões bpd no mesmo período.

Estes números têm se mantido estáveis em 2019, com pequenas variações. De acordo com a NDP, agência reguladora de petróleo na Noruega, o país produziu 1,4 milhão de barris de petróleo por dia em julho.

Cerca de 20% da extração petrolífera norueguesa é de consumo interno e o resto é exportado. O Reino Unido e a Holanda são os principais compradores, respectivamente.

Os últimos números do Brasil são de junho, com 2,5 bpd, de acordo com a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

País tem tentado mudar política petrolífera

Em abril deste ano, o Partido Trabalhista norueguês, de maioria no Parlamento e oposição ao governo, impediu que a indústria petrolífera explorasse uma reserva bilionária nas ilhas Lofoten, no Ártico.

Esta é uma discussão antiga. De acordo com a produtora estatal Equinor ASA, o acesso a essas reservas, estimadas entre 1 e 3 bilhões de barris, é imprescindível para o país manter o nível de produção no futuro.

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