Grupos pró e contra Bolsonaro usam fotos para inflar ou reduzir 'motociata'
Apoiadores e opositores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usaram fotos verdadeiras feitas de ângulos diferentes para alegar que a "motociata" de sábado (12) no estado de São Paulo foi — a depender de quem postou e da imagem publicada — um sucesso ou um fracasso. Bolsonaro participou do evento.
Na disputa pela mobilização nas redes sociais e no WhatsApp, bolsonaristas usaram uma foto de longa distância para dizer que a manifestação havia lotado, enquanto opositores reproduziram um trecho de uma imagem aérea para afirmar que o ato estava esvaziado. Ao UOL Confere, o governo paulista disse que foram contabilizadas 12 mil motos na manifestação (saiba mais sobre o cálculo no fim do texto).
O editor de fotografia do UOL, Lucas Lima, analisou a pedido do UOL Confere duas imagens que circularam nas redes sociais. Veja abaixo:
A imagem acima foi registrada pelo fotógrafo Alan Santos, do Palácio do Planalto, e compartilhada no Twitter pelo assessor presidencial Filipe Martins. Segundo Lima, a foto foi feita com uma teleobjetiva, uma lente para distâncias longas e muito comum em coberturas esportivas.
"Essas lentes têm por característica um certo achatamento da imagem, você perde um pouco essa noção de profundidade e de distância, por isso dá esse efeito de ter muito mais gente do que tinha de fato", explica. "Não é um recorte necessariamente enganoso, mas por característica da imagem, dá a impressão de um corredor maior do que ele é."
A segunda imagem foi viralizada pelo influenciador Felipe Neto também no Twitter. Embora não se saiba ao certo de onde surgiu, aparentemente é uma reprodução de imagem feita por drone ou helicóptero por mostrar uma vista aérea e de baixa qualidade.
A partir da fotografia anterior, Lima observou que havia mais de um bloco de motociclistas, com uma distância separando os grupos.
"Essa segunda imagem mostra o bloco onde estava o presidente, um bloco menor, de fato, mas também um recorte visual da cobertura", afirmou.
Uso político das fotografias
Lima explicou que é comum que fotógrafos realizem diversos registros, sob ângulos distintos, em coberturas de manifestações. O posicionamento físico do profissional e o tipo de lente usada podem ter impacto sobre a imagem. Segundo ele, os profissionais de imagem são orientados a registrar o que ocorre da melhor forma possível. "Faz parte de uma cobertura dessas fazer imagens mais abertas ou fechadas", disse.
Cada grupo político pode se apropriar das fotografias que julgarem mais convenientes para justificar os seus interesses, seja mostrando uma manifestação cheia ou vazia. "Não é a intenção distorcer o protesto para quem está vendo, mas como essas imagens vão ser usadas, é outra história", observou.
Em nota, a SSP-SP disse ao UOL Confere que foram contabilizadas 12 mil motos na manifestação. Segundo a SSP, a estimativa de público foi feita com base em recursos de mapas e imagens aéreas que mostram a extensão do evento e as ocupações em ruas adjacentes.
Alguns apoiadores de Bolsonaro chegaram a veicular nas redes a versão de que 1.324.523 motos haviam participado do ato e que a manifestação entrou para o Guinness World Records, a organização que publica o Guinness Book, o livro dos recordes. Isso é falso e foi desmentido pela Folha ontem (13). A suposta quantidade de motocicletas participantes é maior que a frota total de motocicletas na cidade de São Paulo em 2020: 1.217.655, segundo dados do governo federal citados pela reportagem.
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