Eduardo Bolsonaro distorce efeito vacinal para atacar passaporte sanitário
Diagnosticado com covid-19, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) usou do fato de ter tomado a primeira dose da vacina contra a doença para atacar o passaporte sanitário e distorcer a efetividade dos imunizantes. Ele foi o terceiro caso confirmado de covid entre os integrantes da comitiva que acompanhou o pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na Assembleia-Geral da ONU em Nova York.
Além de Eduardo, contraíram o coronavírus o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e um diplomata que atua no cerimonial da Presidência. Ao confirmar o diagnóstico nas redes sociais, o parlamentar repetiu argumentos já desmentidos para lançar dúvidas sobre os efeitos do imunizante.
Sabemos que as vacinas foram feitas mais rápidas do que o padrão. Tomei a 1ª dose de Pfizer e contraí covid"
Eduardo Bolsonaro em redes sociais
Não é a primeira vez que ele sugere que a rapidez na produção de vacinas teria afetado a capacidade de imunização ou pulado etapas importantes do processo. Checagem feita pelo Projeto Comprova, do qual o UOL faz parte, sobre outra declaração de Eduardo, aponta que parte da agilidade no desenvolvimento dos imunizantes se deu ao maior investimento em pesquisas.
Eduardo foi vacinado em agosto deste ano e teve a primeira dose aplicada pelo ministro Queiroga.
Isso significa que a vacina é inútil? Não creio. Mas é mais um argumento contra o passaporte sanitário"
Eduardo Bolsonaro em redes sociais
Crítico do passaporte sanitário, o filho do presidente apresenta um argumento DISTORCIDO para justificar a contrariedade à medida, que demanda comprovante de vacinação para entrar em determinados locais.
A vacina contra a covid-19, conforme explicado em diversas reportagens e checagens, não impede o indivíduo de se infectar ou transmitir o vírus, mas reduz as chances de hospitalização e morte pela doença.
"O fato de isso acontecer não pode nos impedir de tomar uma medida de controle", afirma ao UOL Confere o advogado e médico sanitarista Daniel Dourado, pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) e da Universidade de Paris.
Dourado diz que o argumento de Eduardo, também utilizado pelo pai na live de ontem, apresenta a mesma lógica para criticar o uso de máscaras ou a aplicação de vacinas. "São medidas complementares, estamos acrescentando camadas de controle", afirma.
A adoção do passaporte na França "salvou o turismo" no país durante o verão, acrescenta ele, mencionando a relativa estabilidade de hospitalizações mesmo com a chegada de milhares de turistas estrangeiros nos meses de julho e agosto.
Durante participação no UOL Debate, em agosto, a pesquisadora da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Margareth Dalcomo disse que o passaporte é uma medida de "proteção coletiva".
Compartilharam da mesma visão Rosana Richtmann, infectologista do Instituto Emílio Ribas e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, e Carla Domingues, epidemiologista e ex-coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunizações).
"A gente sempre tenta conscientizar as pessoas através da ciência, dos dados, das coisas mais transparentes possíveis, mas a gente vê que muitas vezes o que realmente funciona é quando você faz medidas restritivas, daí, sim, mexe no dia a dia das pessoas, que se veem quase que obrigadas a ir atrás da vacinação para poder frequentar os lugares", disse Rosana Richtmann no UOL Debate.
Além da vacinação e do uso de máscaras, é importante manter outras medidas como a higienização frequente das mãos, uso de álcool gel e evitar circular em aglomerações ou ambientes fechados.
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