Covid: Aumento de casos e ômicron não demonstram baixa eficácia de vacinas
É mentira que a explosão de novos casos de covid-19 em países da Europa e da Ásia, assim como o surgimento de uma nova variante do vírus na África, sejam indicativos de ineficácia das vacinas ou de outras medidas protetivas contra o coronavírus.
Ambas as questões, na verdade, são associadas por especialistas à baixa imunização e ao relaxamento do isolamento social e uso de máscaras antes da hora.
A distorção tem sido feita por políticos no Twitter, entre eles os deputados federais Osmar Terra (MDB-RS) e Bia Kicis (PSL-DF). Terra publicou um gráfico, sem identificar a fonte, que mostra o número de casos subindo em Singapura a partir de agosto de 2021.
Já Kicis compartilhou um vídeo, também sem indicar a autoria, de um homem europeu argumentando que os casos de covid-19 subiram em Gibraltar e na Irlanda, a despeito das elevadas taxas de vacinação.
O aumento no número de casos nesses países se deve a uma série de motivos. A começar pelo fato de que só a vacinação não controla a pandemia, apontam infectologistas ao UOL.
Mesmo em lugares com vacinação avançada, como na Europa, pode haver surtos e transmissão do vírus se medidas de contenção não forem tomadas."
Marco Aurélio Sáfadi, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Segundo avaliam os cientistas, a maioria dos países afrouxou demais as medidas sanitárias e de maneira precipitada, pois o índice de imunização está estagnado nesses lugares devido à resistência de parcela da população em tomar a vacina.
Na Irlanda, por exemplo, a imunização completa avançou apenas seis pontos percentuais desde setembro, quando a proporção de vacinados já passava dos 70% —atualmente, está em 76%, de acordo com a plataforma Our World in Data.
A partir daí, o número de casos no país de fato voltou a subir. No começo daquele mês havia pouco mais de 200 casos por milhão de habitantes, mas esse número chegou a passar de mil na média móvel no dia 22 de novembro.
Hospitalizações e mortes foram contidas
Especialistas também ressaltam que a vacina é essencial para prevenir o desenvolvimento de quadros graves da doença e, consequentemente, mortes, mas age em menor grau para evitar infecções e transmissões. Tanto que o aumento dos casos não foi acompanhado proporcionalmente pelo de hospitalizações e mortes.
Soma-se ao cenário, agora, o surgimento de uma variante em um continente cujas taxas de vacinação são baixíssimas e muito aquém do resto do mundo —apenas 7% dos habitantes estão totalmente vacinados na África, também segundo a plataforma Our World in Data.
Na África do Sul, especificamente, onde a nova cepa surgiu, são 23,5%. A ômicron não surge à toa: o vírus muda conforme as oportunidades de fazer cópias de si mesmo. Ou seja, onde consegue se espalhar e as infecções são maiores.
A variante já se mostrou mais resistente e contagiante do que as anteriores, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), colocando assim um novo obstáculo ao fim da pandemia.
E ela é um risco maior onde encontrar uma população parcialmente vacinada ou que não adota os cuidados recomendados. Tanto que países da Europa já fecharam suas fronteiras para conter a disseminação da nova cepa e voltaram a adotar o isolamento e o uso de máscaras.
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