Mulher foi presa por injúria racial, e não por levar coroa de flores a Lula

Publicações compartilhadas nas redes sociais enganam ao afirmar que uma mulher foi presa por levar uma coroa fúnebre até a casa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em São Paulo.

A idosa realmente levou as flores até a residência do petista com o intuito de protestar, mas foi detida por injúria racial ao chamar um dos agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de "macaco".

O UOL Confere considera distorcido conteúdos que usam informações verdadeiras em contexto diferente do original, alterando seu significado de modo a enganar e confundir quem os recebe.

O que diz o post

"Uma idosa foi presa após levar coroa fúnebre e deixar na frente da casa do presidente Lula", diz o texto que acompanha a publicação.

Abaixo, há o vídeo de uma reportagem do SBT Brasil, que traz o momento no qual a idosa ofende um dos agentes do GSI. A própria reportagem que ilustra o conteúdo desinformativo esclarece que a mulher foi presa por injúria racial, e não pelo ato de levar a coroa de flores.

Por que é distorcido

Mulher foi presa por injúria racial. Maria Cristina de Araújo Rocha, 77, foi à residência de Lula por volta das 17h30 no último dia 18. Ela chegou ao local, no bairro paulistano do Alto de Pinheiros, dirigindo um carro com imagens do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes de forma pejorativa. Em protesto contra o presidente, a idosa tentou deixar uma coroa fúnebre em frente à casa dele, mas foi impedida por agentes de segurança. Ao voltar para seu veículo, ela ofendeu um dos responsáveis pela segurança do local de "macaco", como registrado em vídeo (aqui, aqui e abaixo). Maria Cristina foi detida por injúria racial e levada à sede da Polícia Federal.

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Lei prevê prisão a quem cometer injúria racial. O Artigo 2º-A da Lei 7.716/1989 (aqui) prevê uma pena de dois a cinco anos de prisão, além de multa, a quem "injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional".

Idosa é filha de militar e recebe pensão vitalícia. Maria Cristina é filha do ex-general Virgílio da Silva Rocha e recebe uma pensão vitalícia de R$ 14,5 mil, paga pelo estado brasileiro desde 2009. Em suas redes sociais, ela se assume a favor do porte de armas, prega a extinção das esquerdas no Brasil e se diz admiradora do ex-presidente Jair Bolsonaro. A idosa também apoiou os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e já havia sido investigada por outro caso de injúria racial, desta vez cometido contra um diplomata chinês (aqui).

Juiz soltou filha de militar. Marcelo Duarte da Silva, juiz da 2ª Vara Federal Criminal de São Paulo, mandou soltar Maria Cristina. A decisão cita que o crime "não foi praticado com violência ou grave ameaça à pessoa". A idosa, porém terá que cumprir uma série de medidas cautelares, além de estar proibida de chegar a menos de 200 metros da casa de Lula (aqui).

Lula se recuperava em casa após se submeter a uma cirurgia. No dia da ação de Maria Cristina, o presidente estava em sua residência em São Paulo após receber alta hospitalar no último dia 15 (aqui). No dia 10 deste mês, Lula havia sido internado no hospital Sírio-Libanês, onde passou por uma cirurgia de emergência para drenagem de uma hemorragia cerebral (aqui). O sangramento ocorreu em decorrência do acidente doméstico sofrido em 19 de outubro, quando ele caiu no banheiro do Palácio do Alvorada e bateu a cabeça.

Viralização. Uma postagem no Instagram tinha mais de 1.200 curtidas até esta sexta-feira (26).

Este conteúdo também foi checado por Aos Fatos e Estadão.

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