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Órgão dos EUA registrou 9 mortes com relação causal com vacina, não 12 mil

3.fev.2022 - Post distorce signifcado de dado do CDC sobre mortes relacionadas a vacinas nos EUA - Arte/UOL sobre Reprodução/Facebook
3.fev.2022 - Post distorce signifcado de dado do CDC sobre mortes relacionadas a vacinas nos EUA Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Facebook

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

04/02/2022 10h01Atualizada em 04/02/2022 12h54

Posts nas redes sociais e textos em sites tratam de forma distorcida o significado de dados do CDC, órgão de saúde do governo dos EUA, sobre a relação entre mortes e vacinas contra a covid-19 no país. Ao afirmarem que o CDC registrou "12 mil mortes relacionadas às vacinas", as publicações não explicam que esta cifra se trata de comunicados de óbitos cuja eventual relação de causalidade com os imunizantes ainda precisa ser comprovada — o que aconteceu com nove mortes até agora.

O CDC mantém em seu site um link em que atualiza semanalmente informações sobre reações adversas às vacinas contra a covid. A última atualização, feita na segunda (31), diz que após a aplicação de 539 milhões de doses nos EUA, o monitoramento do órgão havia identificado "nove mortes com associação causal" com a vacinação. Essas mortes foram decorrentes da síndrome de trombose com trombocitopenia, uma reação adversa rara, após a aplicação de doses da Janssen. Houve 57 casos desta reação em 18,1 milhões de doses aplicadas deste imunizante específico.

O UOL Confere também procurou o CDC por e-mail. O órgão informou que, fora estes nove óbitos, "até o momento, o CDC não detectou nenhum padrão incomum ou inesperado para mortes após a imunização que poderiam indicar que as vacinas contra a covid estão causando ou contribuindo para mortes".

O número de 12 mil mortes se refere aos 11.879 "relatos preliminares" de óbitos de pessoas que foram vacinadas, dado também disponível no link do CDC sobre reações adversas. A cifra é do sistema Vaers, onde qualquer pessoa pode registrar suspeitas de reações adversas de vacinas nos EUA. O registro em si, no entanto, não é suficiente para provar que um imunizante causou o problema, como o próprio site do Vaers explica.

"O Vaers não é projetado para determinar se uma vacina causou um problema de saúde, mas é especialmente útil para a detecção de padrões incomuns ou inesperados de relatos de eventos adversos que podem indicar um possível problema de segurança com uma vacina. Assim, o Vaers pode oferecer ao CDC e à FDA [órgão de vigilância sanitária dos EUA] informação valiosa que exige trabalho e avaliação adicionais para abordar mais adiante uma eventual questão de segurança", diz o site do Vaers.

Os relatos de eventos adversos são examinados por médicos do CDC e da FDA, e incluem certificados de óbito, autópsias e histórico médico. Só depois disso se pode comprovar uma eventual relação da vacina com o que foi relatado. O site do CDC também deixa claro que a FDA exige que sejam comunicadas às autoridades quaisquer mortes após a vacinação, mesmo que não se saiba ao certo se a vacina causou o óbito.

"Relatos de eventos adversos (...) após a vacinação, incluindo mortes, não necessariamente significam que a vacina causou um problema de saúde", diz a página.

O Estadão Verifica também checou este conteúdo.

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