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É falso que Bolsonaro disse que se alistaria ao exército nazista

11.fev.2022 - Post usa montagem para fazer alegação falsa de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que se alistaria ao exército nazista na Segunda Guerra Mundial - Arte/UOL sobre Reprodução/TikTok @thiagodosreis8
11.fev.2022 - Post usa montagem para fazer alegação falsa de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que se alistaria ao exército nazista na Segunda Guerra Mundial Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/TikTok @thiagodosreis8

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

11/02/2022 17h46

É falso que o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que teria se alistado ao exército nazista se fosse alemão durante a Segunda Guerra Mundial, como dizem posts encontrados no Twitter, Facebook, TikTok e YouTube. A mesma fake news circulou na época da campanha eleitoral de 2018, e voltou a ser disseminada em meio à repercussão das declarações do podcaster Monark e do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) sobre nazismo.

As publicações usam o vídeo de um trecho de uma entrevista concedida pelo então deputado federal ao extinto programa CQC, da Band, em 2012. Para sustentarem a alegação falsa, os posts omitem uma parte da conversa de Bolsonaro com o repórter Rafael Cortez.

Alguns dos posts falsos usam uma montagem em que é cortada do vídeo a parte que permite entender o verdadeiro contexto do diálogo. Outros trazem a alegação falsa no texto, mas compartilham uma outra versão da gravação em que é possível ouvir uma parte da conversa que desmente o boato.

Em determinado ponto da conversa, uma pessoa que não aparece nas imagens sugere que Cortez faça uma pergunta a Bolsonaro: "Sabendo da história da Segunda Guerra Mundial, se você fosse alemão, você teria se alistado ao exército nazista?"

Logo em seguida, Cortez questiona Bolsonaro: "Posso fazer essa?". O então deputado responde: "Pode, sem problema nenhum. Tenho uma resposta muito boa para te dar, inclusive."

As publicações falsas, no entanto, omitem que a resposta de Bolsonaro era para a pergunta de Cortez sobre se podia questionar o político sobre o alistamento, e não uma declaração sobre o alistamento em si.

O repórter então pergunta: "Sabendo da história da Segunda Guerra Mundial, incluindo toda a morte nos campos de concentração, o Holocausto, seis milhões de judeus assassinados, você teria se alistado como militar se fosse da Alemanha naquele contexto?"

Uma gravação sem cortes da entrevista, feita nos bastidores e disponível no YouTube do próprio Bolsonaro, mostra que a resposta do político foi: "Olha, meu bisavô foi soldado de Hitler, ele perdeu um braço, inclusive, na guerra." Cortez o questiona sobre isso, e Bolsonaro responde: "Qual o problema? A minha família são alemães e italianos. Agora, a pergunta não cabe, porque você não tinha direito de se alistar ou não, você era alistado automaticamente."

Cortez ainda pergunta o que Bolsonaro faria se o alistamento fosse opcional, ou seja, se ele pudesse tomar a decisão de se alistar ou não. O então parlamentar responde: "Na verdade, ninguém quer ir para a guerra, nem nós, militares, queremos ir para a guerra. Por isso que nós queremos melhores meios para você trabalhar para evitar uma guerra. O militar bom, o exército bom, não faz guerra, evita a guerra."

Uma das versões do vídeo que circula nas redes omite a resposta completa de Bolsonaro à pergunta de Cortez, exibindo apenas o comentário do político sobre o bisavô.

Vídeo circula após caso Monark

Os conteúdos falsos passaram a circular nas redes depois das declarações de Monark, ex-apresentador do podcast Flow, e do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) sobre nazismo em uma edição do programa.

Monark defendeu que um partido nazista deveria poder existir dentro da lei. Kim, por sua vez, disse que a Alemanha errou ao criminalizar o nazismo. A PGR (Procuradoria-Geral da República) investiga as declarações.

Após o episódio ocorrido no Flow, Bolsonaro publicou no Twitter uma declaração de repúdio ao nazismo.

"A ideologia nazista deve ser repudiada de forma irrestrita e permanente, sem ressalvas que permitam seu florescimento, assim como toda e qualquer ideologia totalitária que coloque em risco os direitos fundamentais dos povos e dos indivíduos, como o direito à vida e à liberdade", disse o presidente.

AFP Checamos e Lupa também checaram este conteúdo. O Fato ou Fake já havia publicado um desmentido em 2018.

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