Sabatina: Simone Tebet erra sobre espaço para intenção de voto na 3ª via
A pré-candidata do MDB à Presidência da República, Simone Tebet, errou ao falar, durante a sabatina UOL/Folha, da quantidade de intenções de voto disponíveis para a chamada "terceira via" eleitoral — conjunto de partidos de centro que pretende fazer frente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Por outro lado, a senadora por Mato Grosso do Sul acertou ao falar de dados de rejeição a pré-candidatos. Leia a checagem do UOL Confere:
Nós estamos diante de dois candidatos muito rejeitados, e nós estamos diante de uma avenida, que nós temos pelo menos 20% que ainda não optaram, entre nulos, brancos e indecisos. Fora aquela franja dos dois, nós temos quase 40% para surfar."
Simone Tebet (MDB)
A declaração é falsa, segundo recentes pesquisas de intenção de voto. A pesquisa Genial/Quaest divulgada no dia 7 de abril mostrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) somando de 73% a 78% das intenções de voto para o primeiro turno nos três cenários em que Simone Tebet também participa, deixando entre 22% e 27% para uma eventual candidatura que reúna as intenções de voto restantes, incluindo brancos, nulos e indecisos.
A pesquisa Ipespe divulgada em 6 de abril mostrou Lula e Bolsonaro, somados, com 74% das intenções de voto — ou seja, com 26% para o restante, incluindo brancos, nulos e indecisos.
No último Datafolha, publicado no fim de março, Lula e Bolsonaro tiveram, somados, 69% das intenções de voto. Com isso, sobram 31% para a soma dos que disseram que votariam em outros candidatos, brancos, nulos e indecisos.
Nestas três pesquisas, a proporção de brancos, nulos e indecisos atinge no máximo 13% nos cenários da Genial/Quaest; 12% na Ipespe; e 10% no Datafolha. Mesmo se levando em conta as margens de erro das pesquisas, os números não chegam aos 20% citados pela pré-candidata.
Após a publicação da checagem, a assessoria de imprensa de Simone Tebet enviou email ao UOL Confere no qual diz que a candidata não errou em sua declaração. "O último Datafolha informa que os votos convictos de Lula são 76% e os de Bolsonaro, 80%. Assim, tomando o principal cenário (Lula, 43% e Bolsonaro, 26%), os não convictos de ambos somariam 14,7% dos votos. Tirando os brancos e nulos (6%), sobram ainda 25% do eleitorado. Logo, há um espaço entre os que não votam Lula, nem JB [Jair Bolsonaro] (25%) e os que não se dizem certos do voto em algum dos dois (14,7%) de exatos 39,7%. Se isso não é 'cerca de 40%' nada mais pode ser", diz a mensagem.
O UOL Confere mantém sua avaliação sobre a fala da pré-candidata do MDB. Os patamares de brancos, nulos e indecisos das últimas pesquisas são inferiores aos citados por ela durante a sabatina, e o cálculo dos "quase 40%" só procede diante de um recorte bastante específico dos dados de uma única pesquisa — a do Datafolha —, o que também não foi dito pela senadora.
Nós estamos falando de duas candidaturas [Lula e Bolsonaro] de rejeitados."
Simone Tebet (MDB)
A declaração é verdadeira. Na pesquisa mais recente do Datafolha, feita no fim de março, 55% responderam que não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum; para Lula, esse índice foi de 37%.
Mesmo sendo os mais rejeitados, os pré-candidatos do PL e do PT aparecem na frente nas pesquisas de intenção de voto. Segundo dados do agregador de pesquisas do UOL, Lula lidera com 41%. Bolsonaro aparece em segundo, com 32%.
Eu entendo que meu nome é melhor, não só porque eu não pontuo como os demais, mas porque meu nome não é conhecido, eu tenho o menor grau de rejeição."
Simone Tebet (MDB)
A declaração é verdadeira. De acordo com a última pesquisa Datafolha, Simone Tebet teve 12% de rejeição, empatando dentro da margem de erro de dois pontos percentuais com Eduardo Leite (PSDB, 14% de rejeição); Vera Lúcia (PSTU, 13%); Leonardo Péricles (UP, 12%); André Janones (Avante, 12%) e Felipe D'Ávila (Novo, 11%).
Segundo a mesma pesquisa, a pré-candidata do MDB também é uma das mais desconhecidas do eleitorado: 73% afirmaram não conhecê-la. Vera Lúcia (69%), Felipe D'Ávila (70%) e Leonardo Péricles (80%) atingiram patamares parecidos.
Minha pré-candidatura veio da base, não veio do nada [...] Surgiu do MDB Jovem, do MDB Afro, do MDB Mulher, do Socioambiental."
Simone Tebet (MDB)
A declaração é verdadeira. A secretaria do MDB Mulher e os núcleos Juventude, Afro, Trabalhista, Socioambiental e Diversidade apoiaram o nome da parlamentar para a disputa pelo Planalto, como mostra nota divulgada no Facebook oficial do MDB Mulher no dia 13.
Nós saímos, naquela época, de uma recessão de -8%, -8,5%, considerando os dois últimos anos consecutivos de Dilma, para um crescimento de 1%, depois 1,3% ou 1,5%, no segundo ano. A inflação, quando o presidente Temer pegou a Presidência, ela estava em algo em torno de 10%, caiu para quase três, 2,9%. (...) Zerou a fila do Bolsa Família."
Simone Tebet (MDB)
A declaração de Tebet é distorcida no trecho sobre o crescimento econômico. O dado citado está em linha com a variação acumulada do PIB em um recorte específico de tempo que inclui parte dos governos Dilma e Temer, mas diverge dos números consolidados ano a ano pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Entre o segundo trimestre de 2014 e o quarto trimestre de 2016, período que inclui os seis primeiros meses do governo de Michel Temer (MDB), a economia encolheu 8,6%, segundo comunicado do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia - Fundação Getulio Vargas).
De acordo com dados do IBGE, a economia brasileira ficou estagnada em 2014 (cresceu 0,5%) e encolheu 3,5% em 2015, os dois últimos anos completos de Dilma Rousseff (PT) como presidente.
Já o trecho sobre a inflação é verdadeiro. Dilma foi afastada da presidência em maio de 2016, dando lugar a Temer. Em abril daquele ano, a inflação acumulada em 12 meses estava em 9,2%, segundo reportagem da Folha que citava o IBGE. Em 2017, fechou em 2,9%. Em 2018, ficou em 3,75% (veja a série histórica no site do IBGE).
Em relação ao Bolsa Família, a declaração de Tebet está sem contexto. Ela acerta ao dizer que a fila do programa foi zerada, mas não menciona que durante a gestão Temer houve cortes que afetaram centenas de milhares de famílias (veja aqui e aqui). No fim do mandato de Temer, no entanto, o programa tinha 330 mil famílias a mais do que no começo de sua gestão.
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